Prosseguindo com a série de alguns estudos importantes na Seara do Cristo, temos um importante livro editado também pela FEB chamado SEARA DOS MÉDIUNS, voltado a um significado mais profundo de pontos importantes do Livro dos Médiuns.
Abaixo o trecho do Livro dos Médiuns em verde e depois a lição de Seara dos Médiuns em azul. Minhas observações estão sempre em preto ao final dos textos.
1. MÉDIUNS DE EFEITOS FÍSICOS
160. Os médiuns de efeitos físicos são particularmente aptos a produzir fenômenos materiais como os movimentos dos corpos inertes, os ruídos, etc. Podem ser divididos em médiuns facultativos e médiuns involuntários. (Ver 2ª parte, caps. II e IV).
Os médiuns facultativos têm consciência do seu poder e produzem fenômenos espíritas pela própria vontade. Essa faculdade embora inerente à espécie humana, como dissemos, não se manifesta em todos no mesmo grau. Mas se são poucas as pessoas que não a possuem, ainda mais raras são as que produzem grandes efeitos como a suspensão de corpos pesados no espaço, o transporte através do ar e sobretudo as aparições.
Os efeitos mais simples são o da rotação de um objeto, de pancada por meio de movimentos desse objeto ou dadas interiormente na sua própria substância. Sem se dar importância capital a esses fenômenos, achamos que não devem ser menosprezados. Podem proporcionar interessantes observações e contribuir para firmar a convicção. Mas convém notar que a faculdade de produzir efeitos materiais raramente se manifesta entre os que dispõem de meios mais perfeitos de comunicação, como a escrita e a palavra. Geralmente a faculdade diminui num sentido à medida que se desenvolve em outro.
SEARA DOS MÉDIUNS
(pelo Espírito Emmanuel / Psicografado por Chico Xavier)
29 – Aviso, chegada e entendimento
Reunião pública de 25/4/1960
Questão nº 160
A intervenção franca do Plano Espiritual, no Plano Físico, pode ser admitida no conceito popular como embaixada portadora de metas decisivas, a definir-se em três períodos essenciais: aviso, chegada e entendimento.
De Swedenborg a Andrew Jackson Davis, surpreendemos a mediunidade ativa, sob as ordens da Esfera Superior, no aviso da renovação necessária.
E se pequenas disparidades são registradas no verbo dos obreiros em serviço, é justo lembrar que na interpretação da realidade, quanto na interpretação da música, a expressão isolada varia, conforme as peculiaridades do instrumento.
Em 1848, no vilarejo de Hydesville, inicia-se publicamente a chegada dos comandos da sobrevivência.
Os emissários desencarnados, quais familiares há muito tempo ausentes da própria casa, alcançam a moradia terrestre, batendo freneticamente à porta.
Na residência dos Fox, não faltam nem mesmo as palmas de quem chega e de quem recepciona, entre a menina Kate e o Espírito Charles Rosna, baseando-se em pancadas os rudimentos da linguagem primitiva entre os dois planos.
Desde então, embora as dificuldades morais de muitos dos trabalhadores humanos, reencarnados no circulo terrestre, começam a operar diversas comissões mediúnicas, chamando pacificamente a atenção da Terra.
Os fenômenos físicos por Daniel Dunglas Home e pelos irmãos Davenport, por Florence Cook e por Eusápia, tanto quanto através de outros medianeiros, falam à aristocracia do poder e da inteligência, em palácios e laboratórios, agitando os salões de lazer e as preocupações da imprensa.
Aos ruídos da visitação invisível, misturam-se os ruídos da opinião.
Ouvem-se batidas surpreendentes aqui e ali, mãos luminosas acenam por toda a parte, vozes ressoam entre lábios selados, mensagens rápidas são transmitidas, de maneira direta, e entidades materializam-se ante os experimentadores, tomados de assombro.
Entretanto, a obra do entendimento é encetada com Allan Kardec, que esclarece a posição da doutrina e do fenômeno, como quem separa o trigo da vestimenta de palha, estabelecendo rumos, criando obrigações e definindo responsabilidades.
Mas, como toda edificação espiritual obedece à cronologia da mente, ainda hoje encontramos milhares de pessoas na fase do aviso e milhares de outras na fase da chegada, entre a esperança e a convicção.
Quanto a nós, que nos achamos na fase do entendimento, saibamos concretizar os princípios da fraternidade e esparzir o socorro moral, em beneficio das consciências, estendendo a luz ao coração do povo, porquanto o Plano Espiritual atinge o Plano Físico, em cumprimento das promessas do Cristo, de modo a reunir todas as criaturas na lei do bem e habilitá-las, convenientemente, para a continuidade do serviço de hoje, no grande futuro ou no grande além, ante a Vida Maior.
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Esta é uma lição importante pois diz respeito às fases do Espiritismo em seu início. Primeiro as pistas sobre qual seria a verdade a respeito da existência dos espíritos, sua função e a continuidade da existência. Inúmeras obras em várias épocas tratam desse assunto, mas Swedenborg é um caso especial pois os registros são bastante fartos.
Sugiro que olhem nesta página. (LINK)
Como Pastor Luterano e Capelão Real, Swedenborg possuía grande formação teológica e espiritual, o que o tornava capaz de distinguir elementos importantes na metafísica e na ilusão. Um bom resumo biográfico também foi colocado por Sir Artur Conan Doyle em “História do Espiritismo”. Vou colocar na íntegra em página a parte (AQUI). Peço notar, porém, que o próprio Doyle, quando escreveu sua obra, assumiu uma ordem parecida com a que Emmanuel nos coloca na lição acima.
Isso porque o Espiritismo em si é produto de uma curiosidade organizacional somada aos enormes esforços da espiritualidade em fazer-se presente e moralizar as manifestações mediúnicas. Quando dizemos e chamamos Kardec de “codificador” significa que ele organizou o estudo e as verdades contidas na revelação espírita, não que ele as tenha iniciado. Quando ele investigou o fenômeno das Mesas Girantes por exemplo, Aksakof já realizava observações e experimentos na Europa. O passo adiante é que foi importante. Ir além do fenômeno em si e partir para o aprendizado.
Os acontecimentos em Hydesville, com as Irmãs Fox, foram marco das manifestações físicas, com batidas, sons, objetos em movimento que demonstravam a presença de uma inteligência capaz de interagir com os habitantes da casa. Fato é que os fenômenos sempre existiram, mas durante os séculos XVIII e XIX assumiram caráter mais forte, especialmente entre cientistas e aristocratas, justamente opondo o cientificismo materialista de uma época com a metafísica até então ignorada pelo positivismo como charlatanismo. Foi assim que grandes cientistas, como Crookes, W.J. Crawford e Lombroso se curvaram à verdade que foi comprovada cientificamente: havia inteligência e espíritos com consciência própria, cuja identidade foi comprovada e que sobreviveram à “morte”. Constatado o fato, o Espiritismo deveria dar mais um passo.
No Livro dos Médiuns, na parte “Dissertações Espíritas”, dentro de ‘Sobre as Sociedades Espíritas”, o Espírito São Luis nos esclarece que:
XXIII
O silêncio e o recolhimento são condições essenciais para todas as comunicações sérias. Nunca obtereis preencham essas condições os que somente pela curiosidade sejam conduzidos às vossas reuniões. Convidai, pois, os curiosos a procurar outros lugares, por isso que a distração deles constituiria uma causa de perturbação.
Ou seja, a curiosidade motivava a banalidade das comunicações, e a ciência, que mais adiante esgotaria suas comprovações, já não demandavam fenômenos observáveis. Agora era o momento de que a moralidade tomasse conta dos fenômenos, e para isso, a escrita e a comunicação oral seriam mais eficientes. Era chegada a fase do Entendimento, ou seja, o Espiritismo como idealizado por Kardec, sempre baseado em Jesus, com base na caridade e no auxílio. Agora os fenômenos físicos não são mais necessários, as experiências em laboratório cada vez menos habituais, pois são fartos os registros disponíveis. A moral dita que o Espiritismo deva sua verdadeira vocação ao AMOR, portanto, o médium é um instrumento, meio de auxílio e comunicação entre as esferas, e não uma marionete prática para ser estudado.
O médium de hoje deve ser moralizado e agir eticamente, deve estar pronto para absorver a verdade sem questionamentos niilistas que só visam prorrogar o trabalho e postergar obrigações.
Já a humanidade é movida por ritmos diversos e muitos irmãos ainda residem alheios a esses fatos. Precisamos lembrar que a cada um será cobrado conforme seu entendimento permitir, sendo que os que já despertaram para as verdades do espiritismo não podem se consolar no atraso de irmãos que estão iniciando a jornada. Nossa tarefa é justamente de maior depuração possível, de forma a preparar e deixar o melhor legado possível a todos e à nós mesmos para que a evolução ocorra em todos os níveis.
É um prazer servir ao Cristo. Todos somos médiuns e devemos olhar de frente os preceitos de amor e caridade.
Que Deus e os bons irmãos nos acompanhem (e que sejamos merecedores)…