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novembro 17, 2011

Reforma Íntima – I

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______Citação 1 ____
Nossa palavra de ordem é recomeçar – uma palavra inspiradora.

Quantas vezes se fizerem necessárias, a nossa grande e única virtude nos áridos campos do aprimoramento íntimo é a capacidade de resistir aos apelos para a queda, jamais desistindo do ideal de libertação que acalentamos, trabalhando mesmo cansados, servindo mesmo que carentes, estudando mesmo que desmotivados, aprendendo mesmo que sem objetivos definidos.

A própria encarnação é o mecanismo divino do recomeço, da retomada. Justo, portanto, que abracemos amorosamente os compromissos abandonados de outros tempos e aplainemos nossos caminhos tortuosos.

Temos o que merecemos e somos aquilo que plasmamos.
______########____ (página .11)

______Citação 2 ____

Reforma íntima não deve ser entendida apenas como contenção de impulsos inferiores. Muito além disso, torna-se urgente analisá-la como o compromisso de trabalhar pelo desenvolvimento dos lídimos valores humanos na intimidade. Circunscrevê-la a regimes de disciplina pela vigência e pela vontade poderá instituir a cultura do martírio e da tormenta como quesitos indispensáveis ao seu dinamismo.

Contenção é aglutinação de forças de defesa contra a rotina mental dos reflexos do mal em nós, todavia, somente a edificação da personalidade cristã, pródigas de qualidades morais nobres, permitirá a paz interior e o serviço de libertação definitiva para além-muros da morte corporal. Por essa razão entre os seguidores da mensagem espírita, urge difundir noções mais lúcidas sobre o nível de comprometimento a que devem se afeiçoar todos os seus aprendizes. Apenas evitar o mal não basta, imperioso fazer todo o bem ao nosso alcance. A reforma de profundidade exige devoção integral aos deveres da espiritualização, onde quer que estejamos, criando condições para vivências íntimas que assegurem comoções afetivas revitalizadoras e modificadoras a rumos mais vastos na ação e na reação: é a criação de condicionamentos novos e elevados.
______########____(página .15)

Reforma íntima Sem Martírio
(As Dores Psicológicas do Crescimento Interior)

Wanderley Soares de Oliveira
(
Pelo espírito Ermance Dufaux)

Editora Dufaux — 7a Edição – 2005

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Falar ou escrever sobre Reforma Íntima demanda muito mais responsabilidade do que posso suportar agora. No entanto, serei breve para não incorrer em muitos erros.

As partes negritadas e grifadas são os pontos-chave deste ensaio. Vejam, “RECOMEÇAR“, começar novamente, é a bendita chance que temos toda vez em que acordamos pela manhã. Temos um papel em branco para desenhar e escrever uma nova conduta a cada 24 horas. Se hoje falhamos, amanhã não persistiremos no erro. Sabemos pela moral da conduta Espírita que não devemos provocar conflitos e nem agredir outras pessoas. A nossa própria encarnação é um recomeço.

Primeiro exemplo:
Se discutimos no trânsito hoje por uma ultrapassagem por exemplo, devemos nos policiar para que não aconteça mais. Na próxima ultrapassagem sofrida, pensemos em algo diferente, talvez nosso irmão tenha pressa por um motivo sério e muito relevante (pode ter algum familiar doente) e qualquer provocação o fará estourar em raiva. Se ainda assim, persistimos no erro em discutir, com certeza teremos oportunidades diversas para melhorar a conduta. O mais importante é nunca desistir de tentar melhorar, mas de coração, não adiante ‘se convencer’ de que está fazendo o melhor e, contudo, ter aquela idéia certa de que poderia fazer mais.

Em determinado tempo, com a persistência e força de vontade, não mais discutiremos no trânsito e poderemos nos orgulhar de pequena vitória. Essa pequena vitória será nossa alavanca mental que possibilitará o progresso adiante em outros erros que cometemos.

A frase “TEMOS O QUE MERECEMOS E SOMOS AQUILO QUE PLASMAMOS ” é simplesmente espetacular. Você não ‘tem sido’ ruim, ou você é algo ou não é. Simples assim. Sua conduta assume formas e se propaga perante os outros. Ninguém é caridoso de verdade se gabando de seus atos e de seus donativos, é apenas orgulhoso e mesquinho. O pensamento funciona como o “Hálito Mental” (já expliquei aqui), e é capaz de nos melhorar ou nos envenenar de acordo com suas qualidades, além disso, plasma a nossa volta os elementos morais com os quais foi constituído. Pessoas negativas tendem a se afundar, enquanto pessoas positivas e de boas ações (e intenções) constróem um escudo a sua volta contra a negatividade.

Eis o porque de termos o que merecemos. Além do mais, nunca saberemos de fato as nossas provas escolhidas como forma de expurgar erros do passado, nem nosso planejamento. O excesso de recursos financeiros ou a ausência destes, pode constituir uma prova. Digo que ‘pode’ na condicional, pois os espíritos já deixaram claro (Livro dos Espíritos – Questões 806/806a/807) que a desigualdade social é um problema do homem e não de Deus, por isso deve ser atenuado (afinal, Jesus Cristo e Kardec cansaram de insistir nas benesses da Caridade). No entanto a espiritualidade pode aproveitar-se deste problema social como prova para aqueles que desejam expurgar erros do passado.

Segundo exemplo:
Quantos não conhecemos que se revoltavam com a ausência de recursos financeiros, pobreza, em que se encontravam? Que não invejavam pessoas cujas posses excediam o necessário? O erro já está nesta revolta e inveja que nada mais fazem do que um ciclo vicioso de envenenamento mental que provavelmente acarretará uma auto-obsessão e dará origem a muitos males. E quantos casos públicos de pessoas que viviam na pobreza, enriquecem de uma hora para outra, e gastam tudo em curto período de tempo? E tornam-se tiranos domésticos ou familiares? Com ou sem recursos, permanecem o que sempre foram, afinal, não é o dinheiro que pode mascarar uma personalidade para si mesmo. Podemos ver pessoas de fino trato e educadas na sociedade, mas que dentro de casa são verdadeiros monstros.

Mas aqueles que assumem a pobreza com humildade e batalham diariamente pela melhoria de suas condições com trabalho honesto e boas intenções, com certeza estarão cada vez mais progredindo em todos os sentidos. As dificuldades nunca serão maiores do que poderiam suportar. Aqueles que possuem excesso de dinheiro, mas que investem em ajudar ao próximo através de empregos em suas indústrias e em obras assistenciais / caridosas não podem ser penalizados pelos excessos financeiros. Nos dois casos, têm o que merecem e são o que plasmam.

Enfim, Reforma Íntima é um tema de elevadíssima complexidade. Voltarei a ele assim que encaminhar melhor as minhas leituras. Conto com o comentário de vocês para ajudar a construção dos textos.

novembro 1, 2011

Demônios – Significação e Origem

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LIVRO DOS ESPÍRITOS

131 Há demônios, no sentido que se dá a essa palavra?

– Se houvesse demônios, seriam obra de Deus. Deus seria justo e bom por ter feito seres eternamente devotados ao mal e eternamente infelizes? Se há demônios, é no vosso mundo inferior e em outros semelhantes ao vosso. Demônios são esses homens hipócritas que fazem de um Deus justo um Deus mau e vingativo e acreditam que Lhe agradam pelas abominações que cometem em Seu nome.

Comentário de Kardec:

A palavra demônio nos dias atuais significa e nos dá idéia de mau Espírito, porém a palavra grega daimôn, de onde se origina, significa gênio, inteligência, e se emprega para designar seres incorpóreos, bons ou maus, sem distinção.

Os demônios, conforme o significado comum da palavra, supõem seres malvados por natureza, na sua essência. Seriam, como todas as coisas, criação de Deus. Assim sendo, Deus, soberanamente justo e bom, não pode ter criado seres predispostos, por sua natureza, ao mal e condenados por toda a eternidade. Se não fossem obra de Deus, seriam, forçosamente, como ele, de toda a eternidade, ou então haveria muitos poderes soberanos.

A primeira condição de toda doutrina é a de ser lógica. A doutrina dos demônios, cuidadosa e severamente analisada, peca por essa base essencial. Pode-se compreendê-la na crença dos povos atrasados que, por não conhecerem os atributos de Deus, crêem em divindades mal-dosas e em demônios. Mas, para todo aquele que faz da bondade de Deus um atributo por excelência, é ilógico e contraditório supor que Deus pudesse criar seres voltados ao mal e destinados a praticá-lo perpetuamente, porque isso é negar Sua bondade. Os partidários do demônio se apóiam nas palavras do Cristo. E com toda certeza não contestaremos aqui a autoridade de Seu ensinamento, que gostaría-mos de ver mais no coração do que na boca dos homens. Mas os partidários dessa idéia estarão certos do significado que o Cristo dava à palavra demônio? Já não sabemos que a forma alegórica é a maneira usual de Sua linguagem? Tudo que é dito no Evangelho deve ser toma-do ao pé da letra? Não precisamos de outra prova mais evidente além desta passagem:

“Logo após esses dias de aflição, o Sol se escurecerá e a Lua não mais iluminará, as estrelas cairão do céu e as forças do céu serão abaladas. Eu vos digo em verdade que esta geração não passará sem que todas essas coisas sejam cumpridas.”

Não vimos a forma do texto bíblico ser contestada pela ciência no que se refere à Criação e ao movimento da Terra? Não se dará o mesmo com certas figuras empregadas pelo Cristo, tendo que falar em conformidade com os tempos e os lugares? O Cristo não poderia dizer, conscientemente, uma falsidade; se, então, em suas palavras há coisas que parecem chocar a razão, é porque não as compreendemos ou as inter-pretamos mal.

Os homens fizeram com os demônios o que fizeram com os anjos.

Da mesma forma que acreditaram na existência de seres perfeitos desde toda a eternidade, tomaram também por comparação os Espíritos inferiores como seres perpetuamente maus. Pela palavra demônio de-vem-se entender Espíritos impuros que, muitas vezes, não são nada melhores do que o nome já diz, mas com a diferença de que seu estado é apenas transitório. Esses são os Espíritos imperfeitos que se revoltam contra as provas que sofrem e, por isso, as sofrem por um tempo mais longo; porém, chegarão a se libertar e sair dessa situação quando tiverem vontade. Podemos, portanto, compreender a palavra demônio com essa restrição. Mas, como se entende agora, com um sentido peculiar e muito próprio, ela induziria ao erro, fazendo acreditar na existência de seres especialmente criados para o mal.

Com relação a Satanás, é evidentemente a personificação do mal sob uma forma alegórica, porque não se poderia admitir um ser mau lutando em igualdade de poder com a Divindade e cuja única preocupação seria a de contrariar seus desígnios. Como o homem precisa de figuras e imagens para impressionar sua imaginação, o próprio homem pintou seres incorpóreos sob uma forma material, com os atributos que lembram as qualidades e os defeitos humanos. É assim que os antigos, querendo personificar o Tempo, pintaram-no na figura de um velho com uma foice e uma ampulheta. A figura de um jovem para essa alegoria seria um contra-senso. Ocorre o mesmo com as alegorias da fortuna, da verdade, etc. Modernamente os anjos ou Espíritos puros são representados numa figura radiosa, com asas brancas, símbolo da pureza; Satanás com chifres, garras e os atributos da animalidade, emblema das paixões inferiores. O povo, que toma as coisas ao pé da letra, viu nesses emblemas individualidades reais, como antigamente viu Saturno na alegoria do Tempo.


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O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

INTRODUÇÃO

– Resumo da Doutrina de Sócrates e de Platão

VI. Os demônios ocupam o espaço que separa o céu da Terra; constituem o laço que une o Grande Todo a si mesmo. Não entrando nunca a divindade em comunicação direta com o homem, é por intermédio dos demônios que os deuses entram em comércio e se entretêm com ele, quer durante a vigí-lia, quer durante o sono.

A palavra daimon, da qual fizeram o termo demônio, não era, na antigüidade, tomada à má parte, como nos tempos modernos. Não designava exclusivamente seres malfazejos, mas todos os Espíritos, em geral, dentre os quais se destacavam os Espíritos superiores, chamados deuses, e os menos elevados, ou demônios propriamente ditos, que comunicavam diretamente com os homens. Também o Espiritismo diz que os Espíritos povoam o espaço; que Deus só se comunica com os homens por intermédio dos Espíri-tos puros, que são os incumbidos de lhe transmitir as vontades; que os Espíritos se comunicam com eles durante a vigília e durante o sono. Ponde, em lugar da palavra demônio, a palavra Espírito e tereis a doutrina espírita; ponde a palavra anjo e tereis a doutrina cristã.

(…)

X. O corpo conserva bem impressos os vestígios dos cui-dados de que foi objeto e dos acidentes que sofreu. Dá-se o mesmo com a alma. Quando despida do corpo, ela guarda, evidentes, os traços do seu caráter, de suas afeições e as marcas que lhe deixaram todos os atos de sua vida. Assim, a maior desgraça que pode acontecer ao homem é ir para o outro mundo com a alma carregada de crimes. Vês, Cálicles, que nem tu, nem Pólux, nem Górgias podereis provar que devamos levar outra vida que nos seja útil quando esteja-mos do outro lado. De tantas opiniões diversas, a única que permanece inabalável é a de que mais vale receber do que cometer uma injustiça e que, acima de tudo, devemos cui-dar, não de parecer, mas de ser homem de bem. (Colóquios de Sócrates com seus discípulos, na prisão.)

O Evangelho Segundo o Espiritismo – PP.50 e 52 (Allan Kardec)

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Um dos conflitos mais antigos da história religiosa e filosófica foi resolvido pelo Espiritismo. Os demônios, ou o demônio (Satanás), como queiram, foi por muito tempo a causa de todos os males e a explicação para os mesmos. Eram quase-divindades que tinham o poder de dialogar e enfrentar Deus, eram, portanto, equivalentes à divindade suprema. Isso era um paradoxo importante e foi ignorado por interesses políticos daqueles que possuíam o conhecimento eclesiástico suficiente para interpretar a Bíblia e suas alegorias. Por muitos séculos o conhecimento e o discernimento foram monopolizados pela Igreja, e todo o pensamento religiosos foi desvirtuado e atrasado.

O resgate da origem da palavra Demônio (Daimon), feito nas passagens acima por Kardec, é importante para elucidar racionalmente o problema do mal.  Se Daimon é espírito, tanto bom quando mal, fica claro que a dualidade das atitudes sempre existiu, desde a antiguidade. É comumente descrito pelos discípulos de Sócrates um “amigo invisível” com quem frequentemente dialogava. Sócrates está longe de ser uma figura secundária na história e na filosofia, avançou muito no tempo em seus conceitos, e comprova que a comunicação entre espíritos e a esfera visível da matéria veio muito antes da codificação de Kardec ou dos Evangelhos de Jesus.

Fato é que, anteriormente, como hoje, estamos rodeados de espíritos bons ou maus, que se aproximam através de nosso hálito mental, ou pela forma com que agimos em consonância com nossos pensamentos. Um Demônio, nada mais é do que um Espírito Mau-Intencionado, que caminhará lado a lado com o humano que desejar fazer o mau. Culpar o Demônio é eximir de culpa o ser encarnado que foi veículo da ação, e eis o avanço do Espiritismo neste setor. Todos somos culpados pelo que atraímos e alimentamos com os nossos pensamentos.

O problema nunca é a religião pura em si, mas sim o que os homens fazem com ela.

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