ESPIRITISMO LIVRE Livre de Dogmas, Livre da Fé Cega, Baseado em Kardec Contato: espiritismolivre@gmail.com

fevereiro 17, 2013

Da “Judéia” aos “Montes”

Filed under: Espiritismo,reforma íntima — Tags:, , , , , — Aprendiz @ 3:53 am

140 – PARA OS MONTES

“ Então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes.” Jesus (MATEUS,24 : 16)

Referindo-se aos instantes dolorosos que assinalariam a renovação planetária, aconselhou o Mestre aos que estivessem na Judéia procurar os montes. A advertência é profunda, porque, pelo termo “Judéia”, devemos tomar a “região espiritual” de quantos, pelas aspirações íntimas, se aproximem do Mestre para a suprema iluminação.

E a atualidade da Terra é dos mais fortes quadros nesse gênero. Em todos os recantos, estabelecem-se lutas e ruínas. Venenos mortíferos são inoculados pela política inconsciente nas massas populares. A baixada está repleta de nevoeiros tremendos. Os lugares santos permanecem cheios de trevas abomináveis. Alguns homens caminham ao sinistro clarão de incêndios. Aduba-se o chão com sangue e lágrimas, para a semeadura do porvir.

É chegado o instante de se retirarem os que permanecem na Judéia para os “montes” das idéias superiores. É indispensável manter-se o discípulo do bem nas alturas espirituais, sem abandonar a cooperação elevada que o Senhor exemplificou na Terra; que aí consolide a sua posição de colaborador fiel, invencível na paz e na esperança, convicto de que, após a passagem dos homens da perturbação, portadores de destroços e lágrimas, são os filhos do trabalho que semeiam a alegria, de novo, e reconstroem o edifício da vida.

(Da obra Caminho, Verdade e Vida, pelo Espírito Emmanuel, psicografada por Chico Xavier).

A paz que procuramos é sempre a paz de espírito. Utilizamos essa expressão rotineiramente, sem parar para refletir no que a compõe. A paz de espírito é algo superior, plena, e que é atingível na metafísica. Não adianta ir à nenhum templo ou local material buscá-la, ela reside dentro de nós quando colocamos para fora a plenitude que possuímos.

Quando somos caridosos de coração, quando aconselhamos ao bem, quando ajudamos ao próximo, quando somos tolerantes com os que erram e amorosos com os que pecam.

Jesus deu o caminho das pedras para nós. Fugir da “Judéia”, significa abandonar os símbolos materiais que nos transmitem algum tipo de poder ou falso acalento de paz. Significa reduzir nossa necessidade de bens materiais e de ideais ambiciosos na Terra. Significa buscar no exemplo do Cristo os verdadeiros mapas que nos levam à melhora e iluminação.

Seguindo o exemplo de Jesus, vamos construir os “montes” até sermos capazes de viver por lá, abandonando de vez a “Judéia”, da qual ainda somos tão dependentes e somos tão envolvidos por. Claro que é um processo que demanda tempo, paciência, esforço, vontade e tudo o que pudermos concentrar. Sabemos a condição pouco elevada que temos na Terra, mas também sabemos que as potências para nosso desenvolvimento se encontram dentro de nós.

Vamos buscar essas potências e essas vontades para nos reconstruirmos nos “montes”.

fevereiro 1, 2013

LIVRO DOS MÉDIUNS – NOVO ESTUDO

Filed under: Espiritismo,Estudos — Tags:, , — Aprendiz @ 4:35 am

Amigos

Disponível no canto superior direito um novo estudo sobre O Livro dos Médiuns.

O texto é o integral da versão traduzida por Herculano Pires. As minhas observações estão em itálico e azul.

Quando terminar tudo (vai demorar ainda) coloco um PDF para download com todo o conteúdo.

Dúvidas, correções, sugestões, favor enviar e-mail para espiritismolivre@gmail.com

Obrigado !

janeiro 22, 2013

AMOR E CORRESPONDÊNCIA

Filed under: Espiritismo,reforma íntima — Tags:, , , — Aprendiz @ 4:17 am

“Isto porque, o amor é possuidor de vigorosa energia que aciona a emotividade, conforme a sua expressão, repercutindo na organização somática de maneira equivalente.

Alergias, enfermidades do trato digestivo, problemas respiratórios e alguns tipos de neoplasias malignas radicam-se no sentimento do amor ausente, na indiferença do amor desvairado, no ressentimento injustificável, no amor perverso em forma de vingança…

Desse modo, é indispensável o treinamento para o autoamor, a fim de se poder vibrar em ondas mais elevadas do Cosmo, onde se espraiam as vibrações da Harmonia, do Bem-estar, da Alegria de viver.

(…)

Se parece difícil encontrar respostas retributivas ao amor que ofertas, não te preocupes, seguindo adiante, e o bem-estar por aquele que ama enriquecer-te-á de harmonia.

Não te decepciones se amando não receberes correspondência.

O Sol brilha sempre, mesmo quando nuvens carregadas lhe obstaculizam por momentos a irradiação… Elas passam, diluem-se, e ele permanece estuante.

É natural que se anele por companhia, por formoso relacionamento. Nada obstante, é necessário que cada qual se prepare para ser o que gostaria de encontrar no outro…

(…)

Na tabela das tuas aspirações, coloca o amor em primeira plana, procurando vivê-lo conforme as circunstâncias em que te encontres.

Inicia o teu exercício amando a Natureza, o lar, os objetivos existenciais e as pessoas com as quais compartes os dias.

Descobrirás que o amor é sempre bênção de Deus em benefício da vida.

Amor e vida, portanto, são termos básicos da experiência existencial.”

[Divaldo P. Franco /Espírito Joanna de Ângelis/ –-> LIBERTA-TE DO MAL,  Ed. EBM, pp. 92-95].

Joanna nos traz mais um ensinamento importante a respeito da vibração dos pensamentos e do amor.

Todos sabemos o poder do amor na resolução de problemas e até em solucionar o que nos parece impossível.  Todavia, somos humanos, ansiosos, até desesperados às vezes, quando exigimos que nosso amor resolva tudo instantaneamente. Somos amados o quanto queremos? Amamos tanto quanto podemos? O quanto nos dedicamos e o quanto exigimos de dedicação dos outros?

Muitos confundem amor com o desejo obsessivo pelo outro, o que caracteriza-se como doença. Existe uma linha tênue nas concepções erradas e nas percepções tortas a respeito do amor que vivenciamos nesta encarnação. Tem-se por amor exemplos absurdos e até crimes cometidos em seu nome, enquanto o amor exemplificado por Jesus no Evangelho é ignorado, como sendo uma afronta aos valores de honra e orgulho.

Primeiro precisamos nos libertar do orgulho, do que consideramos honra, dos valores tortos de compensação da dor. Quando assim conseguirmos, vivenciaremos o primeiro amor de todos, aquele que precisamos ter para conosco, o “autoamor” como definiu Joanna. Amar-nos é condição primordial para amar nosso próximo. Só assim conseguiremos fazer aos outros o que queremos que nos façam. Sem conhecer-nos e sem amar-nos, há um comportamento vazio de amor.

Qual a nossa condição mental? Será que estamos pensando e vibrando amorosamente? Se assim estivermos, estaremos seguros quanto aos males que nos rodeiam. Mas no geral, várias vezes por dia nós caímos no erro de pensar em males e negatividades. Nas questões 919 e 919a de “O Livro dos Espíritos” , as instruções são claras sobre rememorar nosso dia a dia, relembrando nossos erros e como podemos nos conhecer e nos melhorar neste sentido (falei sobre isso aqui).

Então quando nossa Reforma Íntima estiver em curso, o amor será consequência e aprenderemos a lidar muito melhor com nosso cotidiano e nossas atitudes, assim como para com as atitudes dos outros, estejam eles passos atrás ou afrente de nós.

Às vezes somos destratados, agredidos moralmente, ou atacados por aqueles que não nos compreendem. Precisamos então passar a compreendê-los sem agredir, e quem sabe nosso exemplo não sirva para alertá-los. Quem sabe nossas orações e preces surtam efeito. Quem sabe consigamos representar em infinitésima migalha o que o Mestre nos exemplificou esplendoramente?

Esse é o árduo, porém recompensador caminho do Aprendiz Espírita. Que todos possamos trilhá-lo com os sapatos protetores do amor e os agasalhos de sabedoria disponíveis.

janeiro 17, 2013

CONSEQÜÊNCIAS DOS ATOS

Filed under: Espiritismo,Estudos — Tags:, , , , , — Aprendiz @ 12:17 am

Sobre a conseqüência dos atos errôneos cometidos em uma encarnação, no caso aqui o abuso de poder de um governante sobre a população, André Luiz nos traz um caso prático de como uma nova encarnação pode ser.

Com o respeito devido à dor e com a observação imposta pela Ciência, verifiquei que o pequeno paralítico mais se assemelhava a um descendente de símios aperfeiçoados.
– Sim, o espírito não retrocede em hipótese alguma – explicou Calderaro –; todavia, as formas de manifestação podem sofrer degenerescência, de modo a facilitar os processos regenerativos. Todo mal e todo bem praticados  na vida impõem modificações em nosso quadro representativo. Nosso desventurado amigo envenenou para muito tempo os centros ativos da organização perispiritual. Cercado de inimigos e  desafetos, frutos da atividade criminosa a que se consagrou voluntariamente, permanece quase embotado pelas sombras resultantes dos seus tremendos erros.
(…)
Os abusos da razão e da autoridade  constituem faltas graves ante o Eterno Governo dos nossos destinos.

(Francisco Cândido Xavier – No Mundo Maior – pelo Espírito André Luiz – pp.91-92)

“o espírito não retrocede em hipótese alguma”

Essa afirmação do instrutor Calderaro à André Luiz é corroborada pelo Livro dos Espíritos (questão 118).

118. Os Espíritos podem degenerar?

— Não. A medida que avançam, compreendem o que os afasta da perfeição. Quando o Espírito conclui uma prova, adquiriu conhecimento e não mais o perde. Pode permanecer estacionado, mas não retrogradar.

Ou seja, o pequeno paralítico com suas dificuldades não significa um espírito naquela condição por “punição divina”, simplesmente significa que as atitudes imorais para com a cristandade e os valores descritos por Cristo como os guias à angelitude, que o irmão praticou em outra encarnação, causaram danos não só para os outros que padeceram pela sua crueldade, como para seu próprio perispírito, que estacionou em grau evolucionário até que as provas e os débitos fossem concluídos.

Com certeza muito ódio foi movimentado ao longo do tempo, onde aqueles que outrora desencarnaram de forma vil e cruel concentraram suas vibrações repletas de negatividade em torno da figura daquele irmão que errou, atrasando ainda mais o progresso das expiações, ainda no mundo imaterial. Com o passar do tempo, esse ódio vai se depurando e, através do esclarecimento, menos e menos verdugos permanecem na perseguição cruel. Deus, fonte de misericórdia, permite que essa perseguição aconteça como forma de corrigenda àquele que errou. Não é dor gratuita, mas sim sublime escola que através do sofrimento ensina e faz progredir. Todos podemos aprender de forma agradável, sempre temos a chance de progredir pelo amor. Mas nos parece ainda difícil assimilar a ideia de amar incondicionalmente, então a dor acaba sendo mais eficaz.

Com menos perseguidores no mundo espiritual e inimigos menos empenhados, abre-se espaço para uma nova encarnação, onde os crimes do passado vão se esvaindo através de expiações. A paralisia é sempre algo que nos faz refletir. Há um espírito funcional ali, um perispírito com certo nível de consciência e funcionamento, mas que está preso a um corpo que não é capaz de lhe responder as atitudes e comandos.

É preciso lembrar que nem todo paralítico é fruto de expiação de provas determinadas. Nas reencarnações, cada caso é um caso. Quem poderá dizer que determinados casos não sejam uma provação à mãe para amar o filho incondicionalmente, tendo a mãe agido errado antes? Aquele espírito encarnado como paralítico pode ter escolhido por amor nascer daquela forma para ensinar o valor do amor e carinho desvelados de uma mãe.

Mas enfim, as conseqüências de nossos atos se imprimem como tatuagens em nosso perispírito, fator que valoriza os bons atos e denuncia os maus atos. Aquele que imagina fazer algo errado sem ser notado, não percebe que tatua seu erro em si mesmo.

janeiro 8, 2013

VÉU E JULGAMENTO

Filed under: Espiritismo,reforma íntima — Tags:, , , , — Aprendiz @ 1:11 am

“Sucede que o véu da carne obnubila o discernimento mesmo em alguns Espíritos nobres e as injunções sociais, culturais, emocionais neles produzem atitudes desconcertantes, em antagonismos terríveis às convicções mantidas na mente e no coração.

Todos os seres humanos são frágeis e podem tornar-se vítimas de situações penosas.

Assim, não julgues ninguém, entregando-te em totalidade Àquele que nunca se enganou, jamais tergiversou, e se deu em absoluta renúncia do ego, para demonstrar que é o Caminho da Verdade e da Vida”.

(Divaldo P. Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis – Liberta-te do Mal, Editora EMB, 2011, PP. 68-69).


Joanna nos traz mais consolo. Ensina-nos que, se o véu da carne é tão profundo sobre as consciências, até sobre as dos nobres Espíritos, isso é levado em consideração e pesa muito sobre os nossos erros. Também nos concede maior mérito nos acertos evolucionários que concretizamos na carne.

Essa curta passagem também nos ensina mais um pouco sobre a dificuldade que a reforma íntima representa para nós, encarnados.

Sendo todo ser humano enquadrado por essa variável, nosso julgamento a respeito de outrem estará sempre errado. Sempre será falho. Nunca completo. Não podemos medir o mérito das conquistas íntimas de alguém. Muitas vezes há inabilidade em exteriorizar comportamentos e atitudes, há uma incapacidade de agir com a forma que exigimos ou esperamos por parte de terceiros para conosco, mas isso nunca significa que o outro não dispõe de algo a oferecer.

Quantas vezes nos prendemos à forma e esquecemo-nos de observar o conteúdo? Quantas vezes será que negligenciamos a mão estendida a nos oferecer auxílio por pretenso orgulho e ego agigantados?

Claro que seremos perdoados, desde que nossos erros sejam fruto da ignorância. O Conhecimento retira a ignorância, mas não o véu, o que nos obriga a uma vigilância mais eficiente sobre tudo o que nos oprime ou nos conduz ao comportamento fora da moral cristã.

Moral cristã, aliás, que deve ser nosso alvo maior. Se pudermos nos espelhar no Cristo e agir pouco melhor, já teremos um progresso. Quando o amor e a caridade fizerem parte espontânea de nosso cotidiano, estará ali a evolução. Ela se dará automaticamente, de forma calma e bela, como tudo na Natureza.

Erraremos, fracassaremos, mas qual o mérito daquele que se rende? Nós, aprendizes do Evangelho, devemos levantar a cada queda, levantar mais motivados pela dor, benesse de Deus que nos faz evoluir. Bendito sofrimento que no futuro se refletirá em bênçãos e experiências a serem repassadas adiante.

Que Deus nos abençoe. Que ele nos envie as provas, que saibamos completá-las da melhor forma que nos seja possível. Que, no futuro, todos possamos andar ao menos um passo na estrada do progresso espiritual. Então nossa estadia na carne terá sido satisfatória.

dezembro 18, 2012

Evocação de Surdo-Mudo Encarnado

Filed under: Espiritismo,Estudos — Tags:, , , , — Aprendiz @ 1:16 am

Segue abaixo um trecho retirado da Revista Espírita. É bem interessante, trata-se da evocação do Espírito de um encarnado.

//————-//———–//————//

Evocação de um Surdo-Mudo Encarnado

O Sr. Rul, membro da Sociedade de Paris, transmite-nos o fato que se segue. Disse ele:

“Em 1862 conheci um jovem surdo-mudo de doze ou treze anos. Desejoso de fazer uma observação, perguntei aos meus guias protetores se me seria possível evocá-lo. Como a resposta fosse afirmativa, fiz o rapaz vir ao meu quarto e o instalei numa poltrona, com um prato de uvas, que ele se pôs a chupar com ardor.

Por meu lado, sentei-me a uma mesa. Orei e fiz a evocação, como de costume. Ao cabo de alguns instantes minha mão tremeu e escrevi:

Eis-me aqui.

Olhei o menino: estava imóvel, os olhos fechados, calmo, adormecido, com o prato sobre os joelhos; cessara de comer. Dirigi-lhe as seguintes perguntas:

P. – Onde estás agora?

Resp. – Em vosso quarto, em vossa poltrona.

P. – Queres dizer por que és surdo-mudo de nascença?

Resp. – É uma expiação de meus crimes passados.

P. – Que crimes cometeste?

Resp. – Fui parricida.

P. – Podes dizer se tua mãe, a quem amas tão ternamente, não teria sido, como teu pai ou tua mãe, na existência de que falas, o objeto do crime que cometeste?

Em vão esperei a resposta; minha mão ficou imóvel. Levantei de novo os olhos para o menino; acabava de despertar e comia as uvas com apetite. Tendo, então, pedido aos guias que me explicassem o que acabava de se passar, foi-me respondido:

Ele deu as informações que desejavas e Deus não permitiu que te desse outras.

Não sei como os partidários da comunicação exclusiva dos demônios nos explicariam o fato. Para mim, conclui que, desde que Deus por vezes nos permite evocar um Espírito encarnado, permite-nos igualmente em relação aos desencarnados, quando o fazemos com o espírito de caridade.”

Observação – Por nosso lado, faremos uma outra observação a respeito. Aqui, a prova de identidade resulta do sono provocado pela evocação, e da cessação da escrita no momento de despertar. Quanto ao silêncio guardado sobre a última pergunta, prova a utilidade do véu lançado sobre o passado. Com efeito, suponhamos que a mãe atual desse menino tenha sido sua vítima em outra existência, e que este tenha querido reparar seus erros pela afeição que lhe testemunha; a mãe não seria dolorosamente afetada se soubesse que o filho foi seu assassino? sua ternura por ele não seria alterada? Foi-lhe permitido revelar a causa de sua enfermidade como assunto de instrução, a fim de nos dar uma prova a mais de que as aflições daqui têm uma causa anterior, quando tal causa não esteja na vida atual, e que assim tudo é conforme à justiça; mas o resto era inútil e poderia ter chegado aos ouvidos da mãe. Por isto os Espíritos o despertaram, no momento em que, talvez, fosse responder.

(…)

Além disso, o fato prova um ponto capital: não é somente depois da morte que o Espírito recobra a lembrança de seu passado. Pode dizer-se que não a perde jamais, mesmo na encarnação, porquanto, durante o sono do corpo, quando goza de certa liberdade, o Espírito tem consciência de seus atos anteriores; sabe por que sofre, e que sofre justamente; a lembrança não se apaga senão durante a vida exterior de relação. Mas, em falta de uma lembrança precisa, que lhe poderia ser penosa e prejudicar suas relações sociais, haure novas forças nos instantes de emancipação da alma, se os soube aproveitar.

(Revista Espírita – 1865 – pp. 38 / 39 / 40)

//————-//———–//————//

O trecho acima é bem importante quando pensamos o sentido doutrinário da mensagem. Algumas provas ali existem, de que quando dormimos nosso Espírito recupera a consciência e, na medida do possível, a memória do que fez. Ainda os motivos que levaram a certas provas durante a encarnação corrente.

Quando dormimos, estamos no estado de consciência do espírito que ocupava o corpo da criança. Ele era um espírito que entendia a realidade, que sabia o porquê de ser surdo-mudo, mas quando a questão chegou à raiz do problema, se ele havia ceifado a vida de sua mãe, houve o despertar. Talvez quando uma informação venha à tona neste íntimo, ela seja capaz de colocar esforços sublimes a perder. O véu do esquecimento não é um acidente, é uma providência da caridade divina para com o nosso ser ainda tão fraco e ressentido. Conviver com quem nos fez mal no passado pode fazer a dor renascer e travar-nos em processo obsessivo ainda encarnado. Mares de ódio poderão ressurgir, deixando de lado todo o amor construído até então.

Ser surdo-mudo no século XIX, sem tecnologias ou facilidades não devia ser tarefa fácil. Pode muito bem ser uma prova escolhida após anos de depuração e sofrimento no mundo espiritual. Ou seja, aquele Espírito em tarefa expiatória, poderia reviver sofrimentos que já havia depurado durante sua estadia junto aos espíritos. Seria justo impor duplo sofrimento à família? Não seria desrespeitar a Providência Divina? Muitas vezes nossa ânsia de conhecer a verdade, pode trazer uma boa dose de egoísmo e injustiça. Por isso a informação final não foi conferida ao pesquisador.

O Século XIX, do Espiritismo Científico, foi formidável por permitir a consonância dos ensinamentos dos Espíritos à Kardec com a realidade prática dos pesquisadores materialistas, que em certo ponto, precisaram se render à verdade ou viver no erro consciente.

dezembro 17, 2012

Crianças e Bagagens

Filed under: Espiritismo — Tags:, , — Aprendiz @ 1:59 am

O Evangelho Segundo o Espiritismo.

Capítulo VIII – Item 3

3 – A pureza de coração é inseparável da simplicidade e da humildade. Exclui todo pensamento de egoísmo e de orgulho. Eis porque Jesus toma a infância como símbolo dessa pureza, como já a tomara por símbolo de humildade.

Esta comparação poderia não parecer justa, se considerarmos que o Espírito da criança pode ser muito antigo, e que ele traz ao renascer na vida corpórea as imperfeições de que não se livrou nas existências precedentes. Somente um Espírito que chegou à perfeição poderia dar-nos o modelo da verdadeira pureza. Não obstante, ela é exata do ponto de vista da vida presente. Porque a criança, não tendo ainda podido manifestar nenhuma tendência perversa, oferece-nos a imagem da inocência e da candura. Aliás, Jesus não diz de maneira absoluta que o Reino de Deus é para elas, mas para aqueles que se lhes assemelham.

(tradução utilizada – J.H.Pires)

//———/———–/————//

17 – Crianças doentes

Cap. VIII – Item 3

Acalentas nos braços o filhinho robusto que o lar te trouxe e, com razão, te orgulhas dessa pérola viva. Os dedos lembram flores desabrochando, os olhos trazem fulgurações dos astros, os cabelos recordam estrigas de luz e a boca assemelha-se a concha nacarada em que os teus beijos de ternura desfalecem de amor.

Guarda-o, de encontro ao peito, por tesouro celeste, mas estende compassivas mãos aos pequeninos enfermos que chegam à Terra, como lírios contundidos pelo granizo do sofrimento.

Para muitos deles, o dia claro ainda vem muito longe…

São aves cegas que não conhecem o próprio ninho, pássaros mutilados, esmolando socorro em recantos sombrios da floresta do mundo… Às vezes, parecem anjos pregados na cruz de um corpo paralítico ou mostram no olhar a profunda tristeza da mente anuviada de densas trevas.

Há quem diga que devem ser exterminados para que os homens não se inquietem; contudo, Deus, que é a Bondade Perfeita, no-los confia hoje, para que a vida, amanhã, se levante mais bela.

Diante, pois, do teu filhinho quinhoado de reconforto, pensa neles!… São nossos outros filhos do coração, que volvem das existências passadas, mendigando entendimento e carinho, a fim de que se desfaçam dos débitos contraídos consigo mesmos…

Entretanto, não lhes aguardes rogativas de compaixão, de vez que, por agora, sabem tão-somente padecer e chorar.

Enternece-te e auxilia-os, quanto possas!…

E, cada vez que lhes ofertes a hora de assistência ou a migalha de serviço, o leito agasalhante ou a lata de leite, a peça de roupa ou a carícia do talco, perceberás que o júbilo do Bem Eterno te envolve a alma no perfume da gratidão e na melodia da bênção.

Meimei

(Retirado da obra psicografada por Francisco Cândido Xavier & Waldo Vieira – O Espírito da Verdade, págs. 40-41)

//———/———–/————//

As crianças são o nosso melhor modelo de inocência. São nosso melhor modelo de ingenuidade ativa, são eles que precisam confiar plenamente nos adultos, pois sozinhas não conseguiriam sobreviver. Depositam seu caráter e se modelam diante dos exemplos que lhes são apresentados durante a infância.

A maioria dos casais sonha com filhos próprios, repletos de amor e carinho no coração, dispostos à tudo para que tragam nova vida a este mundo, dando continuidade a linhagem familiar que lhes é tão cara.

Mas muitos destes casais sentem asco e nojo de crianças abandonadas, que sofrem em orfanatos, que não dispõem da higiene necessária ao cotidiano. Sentem até um pouco de raiva ao compartilharem o ambiente com elas, ao serem solicitadas ao socorro.

Este é um exemplo que acompanhamos diariamente, trata-se da verdadeira hipocrisia, do amor seletivo. Amar é algo incondicional, é sublime. Amor condicionado não existe.

Poucos entendem o sofrimento da criança que teve sua inocência rompida pelo abandono, pela fome, pelo frio, pela aspereza das ruas e pelos exemplos que assistiram. Como exigir inocência nessas condições? Como condenar aquela pequena criança que simplesmente foi privada de todo conforto e afeto? Como exigir amor de quem nunca soube o que é um sentimento bom?

A melhor forma é ensinar através do exemplo. Quando observarmos uma criança em dificuldades e pudermos ajudá-la, plantaremos ali a semente da caridade, do bem, despertaremos a esperança naquela pequena alma, que vislumbrará possibilidades novas, diferente de tudo o que ela conheceu até então. A semente da caridade terá de ser plantada tantas vezes quanto for necessário, até que germine e aos poucos cresça e dê frutos.

Esse processo nunca é rápido, mas é algo que inevitavelmente todos passamos ou passaremos.

dezembro 10, 2012

Dica de Leitura – Sublime Expiação (Divaldo P. Franco)

Amigos,

Quando entramos no tema da “Reforma Íntima”, nem tudo se resume à cientificidade e tecnicalismo. A Doutrina Espírita é complexa e demanda cada vez mais leitura e estudo.

No entanto, é também compreensível que todo esse tempo e esforço não seja acessível a todos, que muitas vezes possuem cotidiano atribulado de vários empregos, problemas familiares, enfim, não teriam condições de colocar tanto tempo em função deste aprendizado. Muitas vezes também a dificuldade embutida é desculpa para cedermos a preguiça. Todos somos humanos encarnados e todos erramos em vários pontos. Muitos que se dedicam integralmente ao estudo e se tornam especialistas erram também ao não praticar a caridade e os ensinamentos de Jesus.

Tudo na vida precisa de um equilíbrio. Portanto, é mais acessível a todos a leitura de romances e histórias que colocam em situações práticas, explicações difíceis da Doutrina. Todos preferem ler romances à livros científicos por isso também.

A história de Sublime Expiação é excelente para demonstrar o funcionamento da Justiça Divina e como devemos aprender com as dificuldades e com a dor. É uma leitura agradável e muito elucidativa em vários pontos. É encontrado facilmente em sebos ou na internet para compra na Livraria da FEB. Teve várias edições, então foi amplamente difundido. Também como obras psicografadas por Divaldo Franco (aqui ditada pelo Espírito Victor Hugo), temos a garantia de fidelidade doutrinária e preservação de conceitos.

Ótima leitura e aprendizado a todos nós.

dezembro 6, 2012

Centro Espírita – Significado Principal

Filed under: Espiritismo — Tags:, , , , — Aprendiz @ 1:47 am

“O Centro Espírita, significa, assim, uma fortaleza espiritual da grande batalha para o restabelecimento da verdade cristã na Terra. Mas tudo isso deve ser encarado de maneira racional e não mística, no Centro Espírita. Ninguém está ali investido de prerrogativas divinas, mas apenas de obrigações humanas” (J. Herculano Pires – “O Centro Espírita” – Ed. 2010 – Ed. Paidéia / p. 22).

Herculano Pires foi um dos maiores estudiosos, filósofos e defensores do Espiritismo e da pureza doutrinária. Foi tido como um radical por muitos, mas se assim o foi, houve um bem maior nessa atitude. O radicalismo nunca é justificável, é irracional, portanto, não admito essa hipótese.

Herculano defendia a Doutrina da atuação nefasta do imaginário humano. Há ainda entre nós uma tendência à mistificação. Mistificação que pode ser causada pela vaidade do médium (imaginando-se melhor que os outros, superior, algo de elevado), ou pela atuação de um Espírito que utiliza seu perispírito para travestir-se de entidade luminosa e ludibriar os presentes.

Os perigos escondidos em um trabalho sério são grandes. O menor desequilíbrio pode colocar tudo a perder.

Um Espírito realmente superior faz muito esforço para aumentar sua densidade e poder comunicar-se conosco. Muitas vezes utiliza Espíritos moralmente superiores a nós, mas que ainda estão mais próximos da densidade humana para transmitir recados e mensagens (sim, como uma mediunidade entre Espíritos).

O desvio de compreensão doutrinária causada pelo orgulho, a insistência dos seres em querer transmitir novidades e inovações do Mundo Espiritual, desvirtua o real sentido do trabalho.

Na verdade, tudo é muito mais simples do que parece.

Será que todos compreendemos 100% do que está escrito e ensinado nas obras básicas de Kardec? Será que podemos com convicção ler todas as obras psicografadas por Chico Xavier (mais de 400) e absorver tudo o que lá se encontra? Será que André Luiz deixou alguma lacuna em suas obras que precisem de inovações?

O que nos falta é humildade. Quem realmente assimilou com perfeição tudo o que está escrito em todas as obras supracitadas com olhar crítico e fé, está em uma condição muito acima da média encarnada hoje. Este, ainda não será capaz de transmitir nada de útil e bom à Doutrina, se não estiver plenamente conectado ao bem e a caridade.

Quantas pessoas conhecemos de moral ilibada? Quantas pessoas em condições de entendimento absolutas?

Além de todo este lado teórico, há ainda o lado prático. Nenhum aprendiz espírita demonstra o seu valor sem praticar a Doutrina. O resgate dos valores do Cristo e do Cristianismo Primitivo remonta também à prática da caridade desinteressada e sincera, aquela que reanima, vivifica, reconstrói e é indulgente para com o próximo. Ou seja, aquela que resgata o amor.

Além de sabedoria, a Doutrina demanda caridade e amor à perfeição. Eu só lembro de Jesus Cristo como exemplo. Tivemos e temos missionários que lutam muito para se aproximarem disso. Mas a média de todos nós é muito pior.

Com tudo isso em mente, sempre precisaremos de Herculanos para manter o trem nos trilhos. Radical? Ou será que simplesmente Honesto. Simplesmente buscando assumir que todos podemos falhar, ou alguém está imune ao erro?

O mal e os problemas estão sempre nos olhos de quem enxerga-os. Todos ainda vemos o argueiro no olho de nosso irmão e ignoramos a trave em nossos olhos.

A observância da pureza doutrinária nos protege. A Doutrina foi tão bem codificada por Kardec que seguí-la é garantia de segurança. O Centro Espírita é o local de onde emana a prática em vários sentidos, por isso deve ser tão observado e preservado.

novembro 13, 2012

O MOMENTO

Filed under: Espiritismo,reforma íntima — Tags:, , — Aprendiz @ 1:30 pm

39 – PERANTE OS FATOS MOMENTOSOS

Em tempo algum empolgar-se por emoções desordenadas ante ocorrências que apaixonem a opinião pública, como, por exemplo, delitos, catástrofes, epidemias, fenômenos geológicos e outros quaisquer.

Acalmar-se é acalmar os outros.

Nas conversações e nos comentários acerca de notícias terrificantes, abster-se de sensacionalismo.

A caridade emudece o verbo em desvario.

Guardar atitude ponderada, à face de acontecimentos considerados escandalosos, justapondo a influência do bem ao assédio do mal.

A palavra cruel aumenta a força do crime.

Resguardar-se no abrigo da prece em todos os transes aflitivos da existência.

As provações gravitam na esfera da Justiça Divina.

Aceitar nas maiores como nas menores decepções da vida humana, por mais estranhas ou desconcertantes que sejam, a manifestação dos Desígnios Superiores atuando em favor do aprimoramento espiritual.

Deus não erra.

Ainda mesmo com sacrifício, entre acidentes inesperados que lhe firam as esperanças, jamais desistir da construção do bem que lhe cumpre realizar.

Cada Espírito possui conta própria na Justiça Perfeita.

“Vede que ninguém dê a outrem mal por mal, mas segui sempre o bem, tanto uns para com os outros, como para com todos.” — Paulo. (I TESSALONICENSES, 5:15.)

[da obra “Momento Espírita” – pelo Espírito André Luiz, psicografado por Waldo Vieira e Chico Xavier].

————————–    ———————————

Quantas vezes somos decepcionados? Quantas vezes recebemos pedradas daqueles que amamos?

Qual a nossa reação? Defendemos uma tal de ‘honra’ ? Humilhamos, ofendemos, agredimos?

O verdadeiro aprendiz Espírita, procura o caminho correto do perdão e da paz. Ele não procura agredir, ele não procura defender uma honra que não passa de acúmulo de vaidades e orgulho. Os comentários do mundo não afetarão aquele que confia na justiça divina e na atemporalidade.

Hoje somos abarcados pela dor e sofrimento. Mas como foi o passado? Será que não fizemos sofrer àquele que nos afeta hoje?

A reação intransigente e direta de hoje pode significar estagnação e mais provas futuras. A dor é o momento de renovação e de correção da alma, quando podemos finalmente aplicar aquilo que aprendemos, aquilo que pregamos, aquilo que propagamos como verdade. Os mansos continuam, os intransigentes, estagnam.

Toda rudez de caráter significa uma estação a mais na evolução.

A dor é a nossa oportunidade. Se nossos amigos (as) e companheiros (as) não estão preparados para entender e aceitar, nos pautamos por esferas mais elevadas. Aqueles que nos acusam de passivos e “bobos” não passam de ignorantes que ainda não compreendem as verdades da vida. Eles também merecem compaixão.

Somos criaturas de amor, entendemos a revelação do Consolador, abraçamos o Espírito da Verdade em nossa encarnação e devemos utilizá-lo para o crescimento da alma.

Dor, sublime oportunidade. Prova redentora.

Sofrimento, transitório e temporal.

Evolução, aproveitar os ensinamentos no cenário de dor e sofrimento.

Sejamos a luz perante à sombra do mundo. Enfrentemos nosso Coliseu e nossas feras de coração aberto e fé acesa.

« Newer PostsOlder Posts »

Powered by WordPress