O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Capítulo VIII – Item 3
3 – A pureza de coração é inseparável da simplicidade e da humildade. Exclui todo pensamento de egoísmo e de orgulho. Eis porque Jesus toma a infância como símbolo dessa pureza, como já a tomara por símbolo de humildade.
Esta comparação poderia não parecer justa, se considerarmos que o Espírito da criança pode ser muito antigo, e que ele traz ao renascer na vida corpórea as imperfeições de que não se livrou nas existências precedentes. Somente um Espírito que chegou à perfeição poderia dar-nos o modelo da verdadeira pureza. Não obstante, ela é exata do ponto de vista da vida presente. Porque a criança, não tendo ainda podido manifestar nenhuma tendência perversa, oferece-nos a imagem da inocência e da candura. Aliás, Jesus não diz de maneira absoluta que o Reino de Deus é para elas, mas para aqueles que se lhes assemelham.
(tradução utilizada – J.H.Pires)
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17 – Crianças doentes
Cap. VIII – Item 3
Acalentas nos braços o filhinho robusto que o lar te trouxe e, com razão, te orgulhas dessa pérola viva. Os dedos lembram flores desabrochando, os olhos trazem fulgurações dos astros, os cabelos recordam estrigas de luz e a boca assemelha-se a concha nacarada em que os teus beijos de ternura desfalecem de amor.
Guarda-o, de encontro ao peito, por tesouro celeste, mas estende compassivas mãos aos pequeninos enfermos que chegam à Terra, como lírios contundidos pelo granizo do sofrimento.
Para muitos deles, o dia claro ainda vem muito longe…
São aves cegas que não conhecem o próprio ninho, pássaros mutilados, esmolando socorro em recantos sombrios da floresta do mundo… Às vezes, parecem anjos pregados na cruz de um corpo paralítico ou mostram no olhar a profunda tristeza da mente anuviada de densas trevas.
Há quem diga que devem ser exterminados para que os homens não se inquietem; contudo, Deus, que é a Bondade Perfeita, no-los confia hoje, para que a vida, amanhã, se levante mais bela.
Diante, pois, do teu filhinho quinhoado de reconforto, pensa neles!… São nossos outros filhos do coração, que volvem das existências passadas, mendigando entendimento e carinho, a fim de que se desfaçam dos débitos contraídos consigo mesmos…
Entretanto, não lhes aguardes rogativas de compaixão, de vez que, por agora, sabem tão-somente padecer e chorar.
Enternece-te e auxilia-os, quanto possas!…
E, cada vez que lhes ofertes a hora de assistência ou a migalha de serviço, o leito agasalhante ou a lata de leite, a peça de roupa ou a carícia do talco, perceberás que o júbilo do Bem Eterno te envolve a alma no perfume da gratidão e na melodia da bênção.
Meimei
(Retirado da obra psicografada por Francisco Cândido Xavier & Waldo Vieira – O Espírito da Verdade, págs. 40-41)
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As crianças são o nosso melhor modelo de inocência. São nosso melhor modelo de ingenuidade ativa, são eles que precisam confiar plenamente nos adultos, pois sozinhas não conseguiriam sobreviver. Depositam seu caráter e se modelam diante dos exemplos que lhes são apresentados durante a infância.
A maioria dos casais sonha com filhos próprios, repletos de amor e carinho no coração, dispostos à tudo para que tragam nova vida a este mundo, dando continuidade a linhagem familiar que lhes é tão cara.
Mas muitos destes casais sentem asco e nojo de crianças abandonadas, que sofrem em orfanatos, que não dispõem da higiene necessária ao cotidiano. Sentem até um pouco de raiva ao compartilharem o ambiente com elas, ao serem solicitadas ao socorro.
Este é um exemplo que acompanhamos diariamente, trata-se da verdadeira hipocrisia, do amor seletivo. Amar é algo incondicional, é sublime. Amor condicionado não existe.
Poucos entendem o sofrimento da criança que teve sua inocência rompida pelo abandono, pela fome, pelo frio, pela aspereza das ruas e pelos exemplos que assistiram. Como exigir inocência nessas condições? Como condenar aquela pequena criança que simplesmente foi privada de todo conforto e afeto? Como exigir amor de quem nunca soube o que é um sentimento bom?
A melhor forma é ensinar através do exemplo. Quando observarmos uma criança em dificuldades e pudermos ajudá-la, plantaremos ali a semente da caridade, do bem, despertaremos a esperança naquela pequena alma, que vislumbrará possibilidades novas, diferente de tudo o que ela conheceu até então. A semente da caridade terá de ser plantada tantas vezes quanto for necessário, até que germine e aos poucos cresça e dê frutos.
Esse processo nunca é rápido, mas é algo que inevitavelmente todos passamos ou passaremos.