Prezados,
Segue LINK para o estudo de Deus na Natureza, escrito por Camille Flammarion.
Prezados,
Segue LINK para o estudo de Deus na Natureza, escrito por Camille Flammarion.
Quando André Luiz relata as profundezas da mediunidade e dos intercâmbios que assistimos em qualquer casa Espírita séria, ficamos abismados com o alcance e a responsabilidade envolvidas em qualquer trabalho na área.
Esses parágrafos são extremamente importantes, pois trazem algumas informações primordiais, não a respeito da mediunidade em si, mas reflexões cotidianas. Entendemos que o intercâmbio entre encarnados e desencarnados é constante, mas que há um equilíbrio que rege a situação de nossa encarnação.
Se estamos aqui hoje é porque estamos entre iguais, em vibração e sintonia mental. Se pensarmos em nível macro, nosso planeta de Provas e Expiações, condiz com nossa evolução moral. Nosso ambiente familiar também é permeado (na maioria dos casos) por provas e assuntos a aprimorar. O interessante nestes parágrafos também, é o intercâmbio dessas forças mentais que existe na matéria, tanto dos encarnados entre si, quanto dos mundos.
O “peso” dos pensamentos e as diferenças sutil que colocamos em pensamento, verbo ou escrita é algo que soou novo para mim. Talvez a crença antiga de povos ancestrais em amuletos de papel escrito estivesse justamente nessas irradiações. Os amuletos em si não tem poder ou efeito algum, como a Doutrina já esclareceu, mas a irradiação despejada quando de sua confecção, causava algum efeito em quem sintonizasse com aquilo.
A positividade então, tem efeitos magnânimos no processo evolutivo. Faz-se mister a todos manter níveis de pensamento regularmente sãos e saudáveis. Uma espécie de “estado de prece” onde nossa comunhão com o que há de melhor se mantém constante.
Difícil ainda em nosso estágio, mas se formos errar, que façamos de forma involuntária e que logo possamos corrigir nossa mente, e com o passar do tempo, talvez tenhamos o HABITO de manter boas emanações mentais.
Deus nos ajude.
Em breve continuarei as postagens do Livro dos Médiuns em estudo completo.
Significa que conterá 100% da tradução do Herculano Pires e com comentários e grifos. Ou seja, é a leitura completa.
Por isso as atualizações demorarão mais.
Por enquanto temos:
Agradeço pelos comentários e e-mails.
Obrigado !
Já abordei esse tópico em outros textos,
“Não é uma prova evidente de que são demônios? dirão certas pessoas. Chamemo-los de demônios, se isto vos agrada: o nome não os caluniaria. Mas não vedes diariamente homens chamados demônios encarnados? Não há os que blasfemam e renegam a Deus? Que parecem fazer o mal com prazer? Que se alegram à vista do sofrimento de seus semelhantes? Por que queríeis que, uma vez no mundo dos Espíritos, de súbito se transformassem? Aqueles a quem chamais demônios nós chamamos maus Espíritos, e concedemos toda a perversidade que lhes queirais atribuir. Contudo, a diferença é que, em vossa opinião, os demônios são anjos decaídos, isto é, seres perfeitos que se tornaram maus e para sempre votados ao mal e ao sofrimento; em nossa opinião são seres pertencentes à humanidade primitiva, espécie de selvagens ainda atrasados, mas a quem o futuro não está fechado e que melhorar-se-ão à medida que neles se desenvolver o senso moral, na série de existências sucessivas, o que nos parece mais conforme a lei do progresso e justiça de Deus. Temos mais a nosso favor a experiência que prova a possibilidade de melhorar e de levar ao arrependimento Espíritos do mais baixo nível e aqueles que são colocados na categoria de demônios. (p. 170)
Quando denominamo de “Demônio” o causador de algo, não deixamos de embutir um caráter divino. Algo como a história do anjo decaído.
O Espiritismo não aceita que haja anjos criados por Deus, mas sim, Espíritos que por seu próprio esforço e livre-arbítrio, evoluíram até condições magnânimas (vide Jesus e vide missionários diversos). Um dos aspectos mais importantes da Doutrina Espírita, é o entendimento que:
– Não há morte –> Há desencarne. O que significa o fim do corpo (matéria) e a continuidade do Espírito, a individualidade se mantém.
– Mudança na Personalidade Após o Desencarne –> Não ocorre. Suas características, sua consciência, atitudes, ações e pensamentos formam o quadro que vai encontrar após o desencarne. Ou seja, ninguém “morre e vira santo”. Você será o que sempre foi. Aqueles que tiveram conduta reta e nível moral elevado, serão levados a um local com esse nível para que continuem progredindo. Os que escolheram caminhos voltados ao mau e a perversidade, serão da mesma forma levados àquele nível.
Com a retirada do caráter divino dos demônios, há uma significância conceitual importante.
Anjos e Demônios seriam seres compatíveis e imutáveis, pois assim foram criados. Deus então, privilegiou seres durante a criação. Por que um ser perfeito criaria Anjos e humanos? Por que uma diferenciação tão imponente?
O Espiritismo em seu caráter racional, reitera que TODOS foram criados simples e ignorantes, sendo unicamente responsáveis pelas suas escolhas e estados. Todos podemos evoluir de acordo com nossa vontade. O “Demônio” de hoje é apenas um Espírito em estágio anterior de evolução, que em alguns casos, age por ignorância (ausência de conhecimento) e em poucos por pura maldade. Sendo assim, o exemplo, o aprendizado e muitas vezes as provas da vida são suficientes para que ele escolha um rumo mais correto e progrida na escala espiritual.
Chamamos todos os Espíritos de “irmãos” pois fomos todos criados iguais, e compete aos que progrediram mais, ensinar aos que não conseguiram chegar adiante.
132
VIGILÂNCIA
“Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora virá o vosso Senhor.” – Jesus. (MATEUS, 24:42.)
Ninguém alegue o título de aprendiz de Jesus para furtar-se ao serviço ativo na luta do bem contra o mal, da luz contra a sombra.
A determinação de vigilância partiu dos próprios lábios do Mestre Divino. Como é possível preservar algum patrimônio precioso sem vigiá-lo atentamente? O homem de consciência retilínea, em todas as épocas, será obrigado a participar do esforço de conservação, dilatação e defesa do bem.
É verdade indiscutível que marchamos todos para a fraternidade universal, para a realização concreta dos ensinamentos cristãos; todavia, enquanto não atingirmos a época em que o Evangelho se materializará na Terra, não será justo entregar ao mal, à desordem ou à perturbação a parte de serviço que nos compete.
Para defender-se de intempéries, de rigores climáticos, o homem edificou o lar e vestiu-se, convenientemente.
Semelhante lei de preservação vigora em toda esfera de trabalho no mundo. As coletividades exigem instituições que lhes garantam o bem-estar e o trabalho digno, sem aflições de cativeiro. As nações requerem “casas” de princípios nobilitantes, em que se refugiem contra as tormentas da ignorância ou da agressividade, do desespero ou da decadência.
E no serviço de construção cristã do mundo futuro, é indispensável vigiar o campo que nos compete.
O apostolado é de Jesus; a obra pertence-lhe. Ele virá, no momento oportuno, a todos os departamentos de serviço, orientando as particularidades do ministério de purificação e sublimação da vida, contudo, ninguém se esqueça de que o Senhor não prescinde da colaboração de sentinelas.
(Vinha de Luz – Ditado por Emmanuel / Psicografado por Chico Xavier).
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O verdadeiro aprendiz do Espiritismo entende algumas lições logo quando inicia-se na Doutrina. Ele começa tentando atrapalhar o menos possível as obras que estão em andamento. Pensamos que ajudamos os Espíritos superiores em ação durante o passe, durante as sessões mediúnicas diversas, durante as psicografias e etc. Mas a verdade é que quando conseguimos não atrapalhar, já fizemos muito.
Os encarnados doam ectoplasma, servem como meio de transmissão de mensagens, como uma “antena” magnética durante o passe, mas também podem influenciar as comunicações com sua desatenção, podem interferir nas mensagens com sua falta de concentração e podem, enfim, errar. O erro é sempre compreendido pela espiritualidade quando é realmente um erro, onde havia boa intenção e bom coração.
Mas quantos não consideram isso suficiente para se estagnar? Consideram que estão em boa posição e lá devem se manter. Há ai um pouco de orgulho, e há também uma boa parcela de vaidade. Mas também há um erro enorme de entendimento, que pode ser fruto da ignorância (falta de conhecimento).
Sempre esquecemos que exigimos muita paciência dos mentores e dirigentes espirituais de uma casa Espírita. Erramos constantemente, reclamamos, arrumamos desculpa para não comparecermos e passamos grande responsabilidade disso tudo ao “acaso” que insiste em nos perturbar.
Pois bem, atingir o ponto de participar das sessões espirituais, conseguir penetrar um pouco mais no serviço espiritual, não traz alívio àquele que vislumbra realmente progredir nesta vida. Traz sim o real início do trabalho na seara de Jesus, que nos impele à manter a retidão moral. Somos humanos, vamos errar, mas perdemos a batalha quando nos conformamos com a nossa posição. Precisamos crescer e entender que sozinhos (apesar de nunca o estarmos) é que teremos muitas chances pela vida de praticar a caridade e então atingir o progresso.
“fora da Caridade não há salvação”.
E a vigilância é necessária para que a edificação não seja torta ou problemática. Podemos sim ajudar, pouco atrapalhando os bons Espíritos e aprendendo a nos depurar durante a vida. O erro não pode nos martirizar, o erro e a dor são professores que utilizarão cicatrizes para nos amadurecer. “Precisamos passar pela dor?”, faça um exame de sua consciência e verifique se suas maiores lições vieram da dor ou do amor, mas o importante é aprender o que for possível, pelo caminho que for possível.
Quem sabe ao final dessa existência teremos dado um passo rumo à melhores edificações? Seria então uma vitória.
131 – CONSCIÊNCIA
“Guardando o mistério da fé numa consciência pura.” – Paulo. (I TIMÓTEO, 3:9.)
Curiosidade ou sofrimento oferecem portas à fé, mas não representam o vaso divino destinado à sua manutenção.
Em todos os lugares, observamos pessoas que, em seguida a grandes calamidades da sorte, correm pressurosas aos templos ou aos oráculos novos,manifestando esperança no remédio das palavras.
O fenômeno, entretanto, muitas vezes, é apenas verbal. O que lhes vibra no coração é o capricho insatisfeito ou ferido pelos azorragues de experiências cruéis…
Claro que semelhante recurso pode constituir um caminho para a edificação da confiança, sem ser, contudo, a providência ideal.
Paulo de Tarso, em suas recomendações a Timóteo. esclarece o problema com traço firme.
É imprescindível guardar a fé e a crença em sentimentos puros. Sem isso, o homem oscilará, na intranqüilidade, pela insegurança do mundo Intimo.
A consciência obscura ou tisnada inclina-se, invariavelmente, para as retificações dolorosas, em cujo serviço podem nascer novos débitos, quando a criatura se caracteriza pela vontade frágil e enfermiça.
Os aprendizes do Evangelho devem recordar o conselho paulino que se reveste de profunda importância para todas as escolas do Cristianismo.
O divino mistério da fé viva é problema de consciência cristalina. Trabalhemos, portanto, por apresentarmos ao Pai a retidão e a pureza dos pensamentos.
(Da obra Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel, psicografada por Chico Xavier).
Emmanuel toca em um ponto crucial aqui. Ouvimos muito sobre Deus, sobre os ensinamentos do Cristo, mas nos preocupamos muito pouco com o que fazemos desse conhecimento. Será que ao passar algum ensinamento nunca desvirtuamos o conteúdo evangélico do Cristo? Será que nunca distorcemos a palavra para que ela atendesse ao nosso orgulho? Quantas interpretações diferentes da palavra de Deus encontramos em nosso cotidiano?
Como há, muitas vezes, a má-fé do ser humano envolvida em interpretações absurdas, que conduzem almas a realizarem caminhos que muitas vezes se distanciam muito do que o Mestre almejava em seus ensinos, precisamos saber melhor discernir o que fazemos, tanto da palavra Dele quanto de nossos pensamentos. Aqueles que conduzem almas, como pastores conduziam suas ovelhas, são muito, muito responsáveis mesmo, quando passam algum ensinamento. Se conduzirem essa missão de forma satisfatória, com certeza terão realizado grande vitória para com sua evolução, mas se cederem à tentação de tomar o caminho obscuro de utilizar a fé alheia como motor de suas ambições, sua queda será inevitável.
O que seria então a consciência pura a que Paulo se refere? Onde resguardar nossa fé? Ora, a proteção mental de nossas atitudes se dá através da caridade sincera, das boas ações que praticamos, da exemplificação da palavra do Mestre. Nem todos os grandes missionários deste mundo eram Espíritas (aliás, pouquíssimos eram), mas os exemplos de quantos podemos aproveitar, aqueles humildes como Gandhi e Madre Tereza, Chico Xavier e tantos outros que aperfeiçoaram a moral através de atos inegáveis de amor e caridade.
Eles não “pregavam” a fé com palavras ou enormes templos. Simplesmente arregaçaram as mangas e foram à vida cotidiana demonstrar e seguir o que Jesus demonstrou. Tomemos como exemplo todos aqueles que levaram ao limite a doação moral da caridade, e tentemos nos espelhar neles para melhorarmos um pouco nossa consciência, assim teremos condições de resguardar nossa fé como ensinou Paulo.
Amigos
Disponível no canto superior direito um novo estudo sobre O Livro dos Médiuns.
O texto é o integral da versão traduzida por Herculano Pires. As minhas observações estão em itálico e azul.
Quando terminar tudo (vai demorar ainda) coloco um PDF para download com todo o conteúdo.
Dúvidas, correções, sugestões, favor enviar e-mail para espiritismolivre@gmail.com
Obrigado !
Sobre a conseqüência dos atos errôneos cometidos em uma encarnação, no caso aqui o abuso de poder de um governante sobre a população, André Luiz nos traz um caso prático de como uma nova encarnação pode ser.
Com o respeito devido à dor e com a observação imposta pela Ciência, verifiquei que o pequeno paralítico mais se assemelhava a um descendente de símios aperfeiçoados.– Sim, o espírito não retrocede em hipótese alguma – explicou Calderaro –; todavia, as formas de manifestação podem sofrer degenerescência, de modo a facilitar os processos regenerativos. Todo mal e todo bem praticados na vida impõem modificações em nosso quadro representativo. Nosso desventurado amigo envenenou para muito tempo os centros ativos da organização perispiritual. Cercado de inimigos e desafetos, frutos da atividade criminosa a que se consagrou voluntariamente, permanece quase embotado pelas sombras resultantes dos seus tremendos erros.(…)Os abusos da razão e da autoridade constituem faltas graves ante o Eterno Governo dos nossos destinos.
(Francisco Cândido Xavier – No Mundo Maior – pelo Espírito André Luiz – pp.91-92)
“o espírito não retrocede em hipótese alguma”
Essa afirmação do instrutor Calderaro à André Luiz é corroborada pelo Livro dos Espíritos (questão 118).
118. Os Espíritos podem degenerar?
— Não. A medida que avançam, compreendem o que os afasta da perfeição. Quando o Espírito conclui uma prova, adquiriu conhecimento e não mais o perde. Pode permanecer estacionado, mas não retrogradar.
Ou seja, o pequeno paralítico com suas dificuldades não significa um espírito naquela condição por “punição divina”, simplesmente significa que as atitudes imorais para com a cristandade e os valores descritos por Cristo como os guias à angelitude, que o irmão praticou em outra encarnação, causaram danos não só para os outros que padeceram pela sua crueldade, como para seu próprio perispírito, que estacionou em grau evolucionário até que as provas e os débitos fossem concluídos.
Com certeza muito ódio foi movimentado ao longo do tempo, onde aqueles que outrora desencarnaram de forma vil e cruel concentraram suas vibrações repletas de negatividade em torno da figura daquele irmão que errou, atrasando ainda mais o progresso das expiações, ainda no mundo imaterial. Com o passar do tempo, esse ódio vai se depurando e, através do esclarecimento, menos e menos verdugos permanecem na perseguição cruel. Deus, fonte de misericórdia, permite que essa perseguição aconteça como forma de corrigenda àquele que errou. Não é dor gratuita, mas sim sublime escola que através do sofrimento ensina e faz progredir. Todos podemos aprender de forma agradável, sempre temos a chance de progredir pelo amor. Mas nos parece ainda difícil assimilar a ideia de amar incondicionalmente, então a dor acaba sendo mais eficaz.
Com menos perseguidores no mundo espiritual e inimigos menos empenhados, abre-se espaço para uma nova encarnação, onde os crimes do passado vão se esvaindo através de expiações. A paralisia é sempre algo que nos faz refletir. Há um espírito funcional ali, um perispírito com certo nível de consciência e funcionamento, mas que está preso a um corpo que não é capaz de lhe responder as atitudes e comandos.
É preciso lembrar que nem todo paralítico é fruto de expiação de provas determinadas. Nas reencarnações, cada caso é um caso. Quem poderá dizer que determinados casos não sejam uma provação à mãe para amar o filho incondicionalmente, tendo a mãe agido errado antes? Aquele espírito encarnado como paralítico pode ter escolhido por amor nascer daquela forma para ensinar o valor do amor e carinho desvelados de uma mãe.
Mas enfim, as conseqüências de nossos atos se imprimem como tatuagens em nosso perispírito, fator que valoriza os bons atos e denuncia os maus atos. Aquele que imagina fazer algo errado sem ser notado, não percebe que tatua seu erro em si mesmo.
Segue abaixo um trecho retirado da Revista Espírita. É bem interessante, trata-se da evocação do Espírito de um encarnado.
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Evocação de um Surdo-Mudo Encarnado
O Sr. Rul, membro da Sociedade de Paris, transmite-nos o fato que se segue. Disse ele:
“Em 1862 conheci um jovem surdo-mudo de doze ou treze anos. Desejoso de fazer uma observação, perguntei aos meus guias protetores se me seria possível evocá-lo. Como a resposta fosse afirmativa, fiz o rapaz vir ao meu quarto e o instalei numa poltrona, com um prato de uvas, que ele se pôs a chupar com ardor.
Por meu lado, sentei-me a uma mesa. Orei e fiz a evocação, como de costume. Ao cabo de alguns instantes minha mão tremeu e escrevi:
Eis-me aqui.
Olhei o menino: estava imóvel, os olhos fechados, calmo, adormecido, com o prato sobre os joelhos; cessara de comer. Dirigi-lhe as seguintes perguntas:
P. – Onde estás agora?
Resp. – Em vosso quarto, em vossa poltrona.
P. – Queres dizer por que és surdo-mudo de nascença?
Resp. – É uma expiação de meus crimes passados.
P. – Que crimes cometeste?
Resp. – Fui parricida.
P. – Podes dizer se tua mãe, a quem amas tão ternamente, não teria sido, como teu pai ou tua mãe, na existência de que falas, o objeto do crime que cometeste?
Em vão esperei a resposta; minha mão ficou imóvel. Levantei de novo os olhos para o menino; acabava de despertar e comia as uvas com apetite. Tendo, então, pedido aos guias que me explicassem o que acabava de se passar, foi-me respondido:
Ele deu as informações que desejavas e Deus não permitiu que te desse outras.
Não sei como os partidários da comunicação exclusiva dos demônios nos explicariam o fato. Para mim, conclui que, desde que Deus por vezes nos permite evocar um Espírito encarnado, permite-nos igualmente em relação aos desencarnados, quando o fazemos com o espírito de caridade.”
Observação – Por nosso lado, faremos uma outra observação a respeito. Aqui, a prova de identidade resulta do sono provocado pela evocação, e da cessação da escrita no momento de despertar. Quanto ao silêncio guardado sobre a última pergunta, prova a utilidade do véu lançado sobre o passado. Com efeito, suponhamos que a mãe atual desse menino tenha sido sua vítima em outra existência, e que este tenha querido reparar seus erros pela afeição que lhe testemunha; a mãe não seria dolorosamente afetada se soubesse que o filho foi seu assassino? sua ternura por ele não seria alterada? Foi-lhe permitido revelar a causa de sua enfermidade como assunto de instrução, a fim de nos dar uma prova a mais de que as aflições daqui têm uma causa anterior, quando tal causa não esteja na vida atual, e que assim tudo é conforme à justiça; mas o resto era inútil e poderia ter chegado aos ouvidos da mãe. Por isto os Espíritos o despertaram, no momento em que, talvez, fosse responder.
(…)
Além disso, o fato prova um ponto capital: não é somente depois da morte que o Espírito recobra a lembrança de seu passado. Pode dizer-se que não a perde jamais, mesmo na encarnação, porquanto, durante o sono do corpo, quando goza de certa liberdade, o Espírito tem consciência de seus atos anteriores; sabe por que sofre, e que sofre justamente; a lembrança não se apaga senão durante a vida exterior de relação. Mas, em falta de uma lembrança precisa, que lhe poderia ser penosa e prejudicar suas relações sociais, haure novas forças nos instantes de emancipação da alma, se os soube aproveitar.
(Revista Espírita – 1865 – pp. 38 / 39 / 40)
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O trecho acima é bem importante quando pensamos o sentido doutrinário da mensagem. Algumas provas ali existem, de que quando dormimos nosso Espírito recupera a consciência e, na medida do possível, a memória do que fez. Ainda os motivos que levaram a certas provas durante a encarnação corrente.
Quando dormimos, estamos no estado de consciência do espírito que ocupava o corpo da criança. Ele era um espírito que entendia a realidade, que sabia o porquê de ser surdo-mudo, mas quando a questão chegou à raiz do problema, se ele havia ceifado a vida de sua mãe, houve o despertar. Talvez quando uma informação venha à tona neste íntimo, ela seja capaz de colocar esforços sublimes a perder. O véu do esquecimento não é um acidente, é uma providência da caridade divina para com o nosso ser ainda tão fraco e ressentido. Conviver com quem nos fez mal no passado pode fazer a dor renascer e travar-nos em processo obsessivo ainda encarnado. Mares de ódio poderão ressurgir, deixando de lado todo o amor construído até então.
Ser surdo-mudo no século XIX, sem tecnologias ou facilidades não devia ser tarefa fácil. Pode muito bem ser uma prova escolhida após anos de depuração e sofrimento no mundo espiritual. Ou seja, aquele Espírito em tarefa expiatória, poderia reviver sofrimentos que já havia depurado durante sua estadia junto aos espíritos. Seria justo impor duplo sofrimento à família? Não seria desrespeitar a Providência Divina? Muitas vezes nossa ânsia de conhecer a verdade, pode trazer uma boa dose de egoísmo e injustiça. Por isso a informação final não foi conferida ao pesquisador.
O Século XIX, do Espiritismo Científico, foi formidável por permitir a consonância dos ensinamentos dos Espíritos à Kardec com a realidade prática dos pesquisadores materialistas, que em certo ponto, precisaram se render à verdade ou viver no erro consciente.
Amigos,
Acabei de colocar ao lado uma nova página sobre outra seção da Reforma Íntima, a Indulgência. (link).
Esse aspecto me parece cada vez mais fundamental em sua aplicação em nosso processo de melhoria.
Isso porque trata-se de elemento vital para o sucesso de qualquer relacionamento, seja ele social, privado, público, empregatício ou de qualquer outra forma.
O ser indulgente identifica, mas não se aproveita dos defeitos dos outros. Afinal, ele sabe que possui os seus;
O ser indulgente não menospreza o próximo, afinal, ele segue a máxima de Jesus sobre fazer ao próximo o que desejamos para nós mesmos;
O ser indulgente não é complacente, ele é sábio em trabalhar as potencialidades de cada um, sem censurar ou agir com rigor desnecessário daqueles que possuem a trave de fronte a sua visão, mas que preferem não ver;
O ser indulgente aceita que o próximo é um ser tão complexo quanto ele, fruto de inúmeras encarnações e produto de suas escolhas. Afinal, como aprendizes espíritas, sabemos que nenhum de nós é ou foi capaz de realizar 100% de boas escolhas;
O ser indulgente não será vítima de egoísmos ou vaidades, pois assume sua condição inferior visando o progresso;
O ser indulgente é capaz de realizar sua reforma íntima, pois deu um enorme passo.
Em suma, devemos buscar a indulgência. Devemos ser indulgentes em nosso cotidiano. Devemos ser indulgentes conosco e com o próximo.
Esse é mais um elemento fundamental à todos que almejam a Reforma Íntima.
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