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julho 1, 2015

RESSURREIÇÃO – SIGNIFICADOS PARA O ESPIRITISMO

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Como qualificar nossa percepção sobre a Ressurreição?

A definição popular aceita é:

ressurreição

1. ato ou efeito de ressurgir ou ressuscitar.

2. retorno da morte à vida.

No entanto, esclarece Emmanuel (psicografado por Chico Xavier) na obra Pão Nosso (lição 42 – Sempre Vivos) que:

42 – Sempre vivos

Ora, Deus não é de mortos, mas, sim, de vivos. Por isso, vós errais muito.” Jesus (Marcos, 12:27)

Considerando as convenções estabelecidas em nosso trato com os amigos encarnados, de quando em quando nos referimos à vida espiritual utilizando a palavra “morte” nessa ou  naquela sentença de conversação usual. No entanto, é imprescindível entendê-la, não por cessação e sim por atividade transformadora da vida.

Espiritualmente falando, apenas conhecemos um gênero temível de morte –  a da consciência denegrida no  mal, torturada de remorso ou  paralítica nos despenhadeiros que marginam a estrada da insensatez e do crime.

É chegada a época de reconhecermos que todos somos vivos na Criação  Eterna.

Em virtude de tardar  semelhante conhecimento nos homens, é que se verificam grandes erros. Em razão disso, a Igreja Católica Romana criou, em sua teologia, um céu  e um inferno artificiais? diversas coletividades das organizações evangélicas protestantes apegam­se à letra, crentes de que o corpo, vestimenta material do  Espírito, ressurgirá um dia dos sepulcros, violando os princípios da Natureza, e inúmeros espiritistas nos têm como fantasmas de laboratório ou formas esvoaçantes, vagas e aéreas, errando indefinidamente.

Quem passa pela sepultura prossegue trabalhando e, aqui, quanto aí, só existe desordem para o desordeiro. Na Crosta da Terra ou além de seus círculos, permanecemos vivos invariavelmente.

Não te esqueças, pois, de que os desencarnados não são magos, nem adivinhos. São irmãos que continuam na luta de aprimoramento.

Encontramos a morte tão-somente nos caminhos do mal, onde as sombras impedem a visão gloriosa da vida.

Guardemos a lição do Evangelho e jamais esqueçamos que Nosso Pai é Deus dos vivos imortais.

Então de fato, quando acordamos na Pátria Espiritual, ressuscitamos. Eis a verdade. Quando imaginamos ressurgir em nossa carne, após a mesma ser decomposta pela Natureza e há muito enterrada, estamos desrespeitando as leis da própria Natureza. Os átomos que outrora compunham meu corpo já estarão compondo outras formas materiais.

Dessa forma, Deus seria obrigado a revogar uma de suas leis. Sendo que um Deus significa algo perfeito, a perfeição não poderia compactuar com tal comportamento. Logo um criador que precisa alterar sua criação por preferências da criatura, estaria bem longe de poder ser chamado de perfeito.

Revogar as leis da Natureza para fazer ressurgir fiéis em sua carne me parece muito mais difícil de acreditar do que na sobrevivência do Espírito. Esse sim, imortal, capaz de sobreviver ao desencarne e de se ver novamente na vida real (a do Espírito).

Como fundamentar esse entendimento pela Bíblia? No célebre encontro entre Jesus e Nicodemos descrito no Evangelho de João;

E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus.

Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.

Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.

Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?

Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.

O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.

Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo.

(João 3:1-7)

Nada descreve tão bem a reencarnação e suas leis como essa passagem do Cristo. Essa passagem é utilizada pelas outras religiões como fator essencial do batismo. A questão aqui é que o batismo bíblico resguarda um simbolismo forte. Jesus não era Jesus até ser batizado? Ora, isso implica em conceder poder ao homem como intermediário divino. E às suas instituições por consequência.

No Espiritismo, morte é o ato de nos perdermos, de abandonarmos a trajetória do bem, baseado na moral do Cristo e abraçarmos os erros morais. Eles representam um bloqueio à nossa evolução, um caminho para a estagnação evolutiva. O mal suga como um ralo (um redemoinho se preferir) aqueles que adentram seus domínios, exigindo o dobro de vontade e força para libertação, e mais vontade e boa-vontade para corrigirmos os malfeitos.

Para os espíritas, a única instituição válida para emitir julgamentos sobre si é a própria consciência. Ela é a medida da justiça divina à qual podemos apreender durante o período da encarnação. Nossa guia e fiel companheira. Por isso também não devemos julgar os semelhantes, não sabemos o entendimento, não estamos calçando seus sapatos e nem vivenciando seu cotidiano. Como agiríamos em seu lugar? Empatia é também um fator de reflexão importante.

De fato, adotar a reencarnação como verdade altera todo plano existencial. Passamos a pensar em longo prazo, a calcular adiante nossa existência e o impacto de nossos atos, além do que, torna a moral do Cristo mais adequada e justa. Ressurreição é o que todos passamos no desencarne. Por isso nós nasceremos de novo por lá. Levados pela soma de nossos atos.

Que Deus nos abençoe. E abençoe a todos, independente do credo, mas por seus frutos.

março 25, 2012

Esquecimento do Passado e Perdão

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Uma das grandes objeções quanto ao esquecimento das vidas passadas é a que diz  ” por que ?  e para que? “. Aparentemente muito simples, é um real questionamento  que busca a resposta no mais profundo que os elementos básicos do Espiritismo podem trazer.

No Evangelho Segundo o Espiritismo encontramos uma série de ensinamentos sobre isso. Aqui neste texto, a reencarnação é um pressuposto aceito e não aberto à discussões.

Primeiro, tratando do esquecimento, segue abaixo valorosas lições do “Evangelho Segundo o Espiritismo” no qual o brilhante trabalho de Kardec conseguiu simplificar um pouco as complexas relações entre os mundos invisíveis e materiais.

(O Evangelho Segundo o Espiritismo – CAPÍTULO IV – NINGUÉM PODERÁ VER O REINO DE DEUS SE NÃO NASCER DE NOVO)
 
A REENCARNAÇÃO FORTALECE OS LAÇOS DE FAMÍLIA, AO PASSO QUE A UNICIDADE DA EXISTÊNCIA OS ROMPE
18. Os laços de família não sofrem destruição alguma com a reencarnação, como o pensam certas pessoas. Ao contrário, tornam-se mais fortalecidos e apertados. O princípio oposto, sim, os destrói.
No espaço, os Espíritos formam grupos ou famílias entrelaçados pela afeição, pela simpatia e pela semelhança das inclinações. Ditosos por se encontrarem juntos, esses Espíritos se buscam uns aos outros. A encarnação apenas momentaneamente os separa, porquanto, ao regressarem à erraticidade, novamente se reúnem como amigos que voltam de uma viagem. Muitas vezes, até, uns seguem a outros na encarnação, vindo aqui reunir-se numa mesma família, ou num mesmo círculo, a fim de trabalharem juntos
pelo seu mútuo adiantamento. 

19. A união e a afeição que existem entre pessoas parentes são um índice da simpatia anterior que as aproximou. Daí vem que, falando-se de alguém cujo caráter, gostos e pendores nenhuma semelhança apresentam com os dos seus parentes mais próximos, se costuma dizer que ela não é da família. Dizendo-se isso, enuncia-se uma verdade mais profunda do que se supõe. Deus permite que, nas famílias,ocorram essas encarnações de Espíritos antipáticos ou estranhos, com o duplo objetivo de servir de prova para uns e, para outros, de meio de progresso. Assim, os maus se melhoram pouco a pouco, ao contacto dos bons e por efeito dos cuidados que se lhes dispensam. O caráter deles se abranda, seus costumes se apuram, as antipatias se esvaem.

(O Evangelho Segundo o Espiritismo – CAPÍTULO V – BEM AVENTURADOS OS AFLITOS)
ESQUECIMENTO DO PASSADO
11. Em vão se objeta que o esquecimento constitui obstáculo a que se possa aproveitar da experiência de vidas anteriores. Havendo Deus entendido de lançar um véu sobre o passado, é que há nisso vantagem. Com efeito, a lembrança traria gravíssimos inconvenientes. Poderia, em certos casos, humilhar-nos singularmente, ou, então, exaltar-nos o orgulho e, assim, entravar o nosso livre-arbítrio. Em todas as circunstâncias, acarretaria inevitável perturbação nas relações sociais.

Freqüentemente, o Espírito renasce no mesmo meio em que já viveu, estabelecendo de novo relações com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhes haja feito. Se reconhecesse nelas as a quem odiara, quiçá o ódio se lhe despertaria outra vez no íntimo. De todo modo, ele se sentiria humilhado em presença daquelas a quem houvesse ofendido.
_________________________
(Pouco mais sobre a formação da família e porque encarnamos junto aos parentes pode ser encontrado no capítulo XIV – HONRAI A VOSSO PAI E A VOSSA MÃE).

O esquecimento é uma dádiva. Em que ajudaria agora saber se fomos escravos ou reis? Se fomos simples agricultores ou poderosos senhores feudais? A palavra de Kardec é absoluta em dizer que nada poderíamos aproveitar destas lembranças enquanto encarnados.

O esquecimento do passado combina-se a uma das mais sublimes lições de Jesus:

Se contra vós pecou vosso irmão, ide fazer-lhe sentir a falta em particular, a sós com ele; se vos atender, tereis ganho o vosso irmão. – Então, aproximando-se dele, disse-lhe Pedro: “Senhor, quantas vezes perdoarei a meu irmão, quando houver pecado contra mim? Até sete vezes?” – Respondeu-lhe Jesus: “Não vos digo que perdoeis até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes.” (S. MATEUS, 18:15, 21 e 22.)

Reconciliai-vos o mais depressa possível com o vosso adversário, enquanto estais com ele a caminho, para que ele não vos entregue ao juiz, o juiz não vos entregue ao ministro da justiça e não sejais metido em prisão. – Digo-vos, em verdade, que daí não saireis, enquanto não houverdes pago o último ceitil. (S. MATEUS, 5:25 e 26.)

E a relação entre o perdão e o esquecimento?

Com o esquecimento, temos a chance de moldar nossa existência corpórea com valores morais melhores e conhecimentos que nos permitam entender melhor as relações humanas, a realidade e o estudo. O perdão nesta vida pode se resumir à questões simples e à questões complexas. Tudo não passa de um treinamento para quando desencarnarmos. Lá teremos noção real do tamanho de nossas dívidas para com outros e do tamanho do perdão que exigimos dos outros e não cumprimos quando nos foi solicitado.

É perdoando as pequenas coisas, como ofensas no trânsito, injúrias, boatos, que aprenderemos a perdoar as grandes coisas. Só devemos ter em mente que a atemporalidade não permite que tenhamos conclusões precipitadas quando conhecemos a doutrina Espírita. A grande responsabilidade está em saber pesar a qual árvore corresponde qual fruto. A oração do Pai Nosso traz explicita a frase “Perdoai nossas dívidas, assim como perdoamos os nossos devedores”. Pois bem, vejam a profundidade a dificuldade envolvidas nessa frase.

É urgente uma mudança de conduta moral para as bases do bem, da caridade, do amor e do perdão, só assim teremos um pouco de avanço na longa escadaria das existências.

O esquecimento é a dádiva divina, que nos dá chance de modificar nossos hábitos, hálitos mentais, ideologias e condutas, de forma a aproveitar o tempo encarnado para aprendizaro do perdão e da caridade, cujas virtudes nos ajudarão a encarar a realidade de fato quando desencarnados. O esquecimento e o perdão das pequenas coisas são um exercício que nos fortalecerá e nos colocará em sintonia com o que há de melhor ao nosso alcance. Agradeçamos a Deus e ao senhor Jesus Cristo por mais esta dádiva e ajuda. Façamos merecer a confiança depositada em nós.

Em seu livro “HÁ 2.000 ANOS”, o Espírito Emmanuel através de Chico Xavier narra uma encarnação em Roma, onde foi um orgulhoso e poderoso Senador da República (Públio Lentulus). Essa passagem é uma das mais emocionantes, é um encontro entre o Senador e um grande amigo e mentor que havia desencarnado, chamado Flamínio. É uma passagem que nos faz refletir:

O senador deixou que todo o seu pensamento se perdesse na tempestade das mais abençoadas lágrimas de sua vida. Arfando nos soluços de sua compunção, suplicava, mentalmente:
– Sim, meu amigo e meu mestre, eu quero compreender a verdade e almejo o perdão das minhas faltas enormes!… Flamínio, inspiração de minha alma dilacerada, sê o meu guia na tormentosa noite do meu triste destino!… Vale-me com a tua ponderação e bondade!… Toma-me, de novo, pelas mãos e esclarece-me o coração no tenebroso caminho!… Que fazer para alcançar do céu o esquecimento de minhas faltas?!…
A serena visão, como se se houvera comovido intensamente ao receber aquele apelo, tinha agora os olhos iluminados por piedosa e divina lágrima.
Aos poucos, sem que Públio pudesse compreender o mecanismo daquele fenômeno insólito, observou que a silhueta do amigo se diluía levemente na sombra, afastando-se da tela de suas contemplações
espirituais; mas, ainda assim, percebeu que seus lábios murmuravam, piedosamente, uma palavra: – Perdoa!…
Aquela suave recomendação caiu-lhe nalma como bálsamo dulcificante. Sentiu, então, que seus olhos estavam agora abertos para as realidades materiais que o rodeavam, como se houvera acordado de sonho
edificante.

(Emmanuel – Há 2000 Anos – Psicografia de Chico Xavier. Trecho na página 338)

 

 

julho 8, 2011

Evangelho de Mateus (5,21-26) – Perdão e Reencarnação

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Mateus (5,21-26)

Tendes ouvido que foi dito aos antigos: não matarás e quem matar será réu em juízo. Eu, porém, vos digo que todo homem que se irar contra seu irmão será réu em juízo; e quem chamar a seu irmão ‘insensato’ será réu diante do conselho; e quem o apelidar de ‘desgraçado’ será réu do fogo do inferno. Se, por conseguinte, estiveres ante o altar para apresentar tua oferenda e te lembrares de que teu irmão tem queixa de ti, deixa a tua oferenda ao pé do altar e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão; e depois vem oferecer o teu sacrifício.

Não hesites em fazer as pazes com teu adversário, enquanto estiverem em caminho com ele, para que não te vá entregar ao juiz e o juiz te entregue ao oficial da justiça e sejas lançado ao cárcere. Em verdade, te digo que daí não sairás enquanto não houverdes pago o último centavo.

Vou correr um seríssimo risco de falar bobagem aqui neste post.

Analisando essa passagem do evangelho de Mateus, não posso deixar de divagar sobre alguns conceitos que considero muito preciosos e alinhados à doutrina Espírita:

– Perdão / Auto-perdão

– Reencarnação

Perdoar o irmão e reconciliar-nos com nossos inimigos é uma missão e tanto. Aqueles que sofrem por “injustiças” [entre aspas porque não há injustiça real – assunto para outro texto] acabam amargando-se em lutas diversas, em suas próprias mentes, decaíndo a níveis depressivos e psicológicamente danosos. Na maioria dos casos o culpado é o orgulho, algo que todos temos e que, durante inúmeros acontecimentos, precisamos combater e vencer para fazer a coisa certa. Como é difícil descermos de nossas mentes para um ato de humildade. Perdoar é também pedir perdão quando erramos ou causamos dano a alguém.

No entanto é preciso que nosso auto-perdão seja praticado. O sentimento de culpa é um dos maiores responsáveis pela degradação do espírito humano. A culpa acarreta divagações negativas que carregam nossas mentes até domínios obscuros de sofrimento silencioso. Aquele sofrimento que combate a proximidade de outras pessoas, que causa o medo de errar e corrói a auto-estima. Este é um outro complicado conceito. Não se trata apenas de perdoarmos os outros, mas de perdoarmos nós mesmos.

A condição do espíritismo de pregar a humildade e a caridade é uma ajuda também neste sentido. A melhor forma de redimirmos o que nos causa culpa é ajudar alguém. O prazer implícito na ajuda alegra qualquer espírito e transcende a percepção de alegria comum. Essa alegria da caridade ajuda a apagar marcas do passado que mancham nosso perispírito e causas emocionais que se traduzem em doenças mais tarde. Quantas pessoas acabam se tornando missionárias da caridade, se dedicando exclusivamente à ajuda dos outros, após uma grande tragédia pessoal? É a melhor forma de redenção, é a redenção da alma.

As palavras de Jesus vão fundo. Parece algo tão simples quando Ele diz, mas é impressionante o alcance psicológico dele (Joanna de Ângelis sempre adverte para isso). O Conselho e o Inferno são também nossa consciência; um estado de sofrimento e também de julgamento próprio.

Não hesites em fazer as pazes com teu adversário, enquanto estiverem em caminho com ele, para que não te vá entregar ao juiz e o juiz te entregue ao oficial da justiça e sejas lançado ao cárcere. Em verdade, te digo que daí não sairás enquanto não houverdes pago o último centavo.

Será que seria muita pretensão interpretar essa frase considerando os elementos modernos? Eu acho que podemos fazer uma análise atemporal também, como se nessa frase estivesse todo o significado da reencarnação e das existências consecutivas, já que reencarnaremos quantas vezes forem necessárias para nos reconciliarmos com nossos inimigos. O cárcere seria então o corpo físico, a existência material. Seremos obrigados a nascer quantas vezes demoremos a nos reformar e extinguir nossas pendências, resultantes da lei de causa e efeito.

Essa passagem é importantíssima para ilustrar o problema psicológico e das múltiplas existências. Talvez eu esteja interpretando vagamente apenas, longe de mim tentar entender toda profundidade e enxergar as coisas como o Mestre fazia, mas espero que seja uma pequena contribuição.

junho 10, 2011

Reencarnação e Esquecimento

Filed under: Espiritismo — Tags:, — Aprendiz @ 8:18 am

Por que esquecemos nossas vidas anteriores?

Em um pensamento simplório, seria fácil resolver nosso aspecto cármico sabendo quais são as nossas dívidas. Afinal, se eu devo em uma loja, como pagar sem receber a cobrança? No entanto esse raciocínio pertence a uma parte de nós, humanos, que sempre tenta simplificar o que é muito complicado.

O esquecimento é uma bênção, e quanto mais mergulho nos estudos Kardecistas mais entendo que em nossa multidimensionalidade, especialmente por não sabermos quantas existências tivemos, escondemos um passado geralmente horroroso. Os trabalhadores da última hora não são privilegiados, estão aqui para pagar por algo. Será que saber “o que devemos” realmente importa? A dívida não é o importante, mas sim como nos melhoramos para evoluir constantemente e eliminar qualquer resquício de um passado horrendo que sustentamos. A oportunidade do esquecimento nos faz focar em objetivos novos, uma chance de seguirmos em direções melhores.

Eu imagino o mal como uma doença tipo câncer. As células vão se alterando, piorando, espalhando, até que ficamos tomados e dominados por ele. O mal se instala fácil e silenciosamente, sem percebermos, e quase como mágica, estamos nutrindo maldade nossa e dos outros. Se este câncer esteve (ava) presente em nosso corpo espiritual, qual chance de melhora seria melhor do que uma reencarnação? Corpo novo, mente nova, idéias passíveis de mudanças? Podemos e devemos nos melhorar, pois o bem só vence o mal com base na prática. Por isso, Kardec assinalou com perfeição – “Fora da Caridade não há Salvação”.

A Caridade é um remédio contra o mal que nos abateu e dominou na antiguidade de nossas vidas. Pouco a pouco a prática do bem infla aquele sentimento de dever cumprido que todos temos e não sabemos de onde vem. É a conjunção de células boas que se multiplicam em direção ao núcleo do nosso câncer interno para vencê-lo. Quanto melhor as nossas ações, mais rápido este câncer dá lugar à verdadeira e desinteressada caridade, que nos motiva e conduz a outro patamar de vitória, a vitória moral.

O que distingue um mau espírito de um bom? O nível moral. A inteligência e o conhecimento podem ser utilizados para o mal. Mas o aspecto moral, este é difícil de elevar justamente porque não permite retorno. Alguém com uma moral elevada e boa não praticará maus atos por princípio, não por obrigação. Claro que aqueles dominados pelo câncer da maldade, precisam de muita força para se modificarem. Lutar consigo mesmo é, talvez, a pior luta de todas. Significa abrir mão de prazeres “sagrados”, de vícios que acalentam, de comportamentos que nos aprisionam. Significa transcender. Processo deveras complicado e trabalhoso.

Mas quando temos o esquecimento, os ensinamentos e a vida pela frente, o que mais podemos exigir? Toda facilidade nos foi dada. Não temos que solicitar mais. Devemos sim agradecer todos os dias pela oportunidade sagrada da mudança e pelo esquecimento que nos faz conviver lado a lado com inimigos, assassinos, sociopatas, e irmãos do passado, que são como nós hoje, com os mesmos defeitos e qualidades, ou seja, humanos. Vencer o ódio pela prática da caridade, vencer a amargura e, acima de tudo, vencer a si mesmo com a ajuda da caridade é a tarefa dos espíritas.

Acho que poucas sensações no mundo são melhores do que ajudar alguém com sinceridade. É a que cura qualquer ferida.

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