108 – OPEREMOS EM CRISTO
“E quanto fizerdes, por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por Ele grac?as a Deus e Pai.” – Paulo. (COLOSSENSES, 3:17.)
A espera de resultados, depois de expressões e ações reconhecidamente elevadas, pode provocar enormes prejuízos em nossa romagem para a Suprema Luz.
Enquanto aguardamos manifestações alheias de gratidão ou melhoria, somos suscetíveis de paralisar nossas próprias obrigac?o?es, desviando-nos para o terreno escuro da maledicência ou do julgamento precipitado.
Quanto seja possível, distribuamos o bem, entregando nossas atividades ao Cristo, divino doador dos benefícios terrestres.
É perigoso estabelecer padro?es de reconhecimento para corac?o?es alheios, ainda mesmo quando sejam preciosas jóias do nosso escrínio espiritual. Em nossa expectac?a?o ansiosa por enxergar a soma de nossos gestos nobres, podemos parecer egoístas, ingratos e maldizentes.
Copiemos o pomicultor sensato.
Preparemos a terra, auxiliando-a e adubando-a. Em seguida, lancemos ao solo sementes e mudas valiosas.
O servic?o mais importante caberá ao Senhor da Vida. Ele cuidará das circunstâncias favoráveis no espac?o e no tempo, desenvolvendo-nos a sementeira, ou anular-nos-á o servic?o, atravás de processos naturais, adiando a realizac?a?o de nossos desejos, em virtude de razo?es que desconhecemos.
O pomicultor equilibrado trabalha com títulos de sincera confianc?a no Céu, ignorando, de maneira absoluta, se colherá flores ou frutos de suas obras, no quadro do imediatismo humano.
Ampara-se, todavia, na Providência Divina e trabalha sempre, a benefício de todos.
Cumpramos, assim, nossa tarefa, por mais alta ou mais humilde, operando invariavelmente em nome de Jesus.
Junto d’Ele, sejam para nós a glória de amar e o prazer de servir.
(RETIRADO DO LIVRO “VINHA DE LUZ” – PELO ESPÍRITO EMMANUEL, PSICOGRAFADO POR CHICO XAVIER.)
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O nobre Emmanuel faz aqui uma síntese de alguns pontos fundamentais ao Espiritismo. Fazer o bem sem esperar retorno. Não Julgar. Atemporalidade.
1) Fazer o bem sem esperar retorno;
É o pressuposto maior da caridade verdadeira. É para esta condição que o Espírita vive e procura se melhorar sempre. A caridade real é desinteressada e age sem humilhar o outro e sem orgulhar-se de si própria. Age como uma fonte luminosa para quem recebe e desperta gratidão devido à pureza de intenções. Nunca desperta a inveja, o ódio ou qualquer manifestação negativa.
2) Não Julgar;
Muitas vezes cremos conhecer, até em demasia, o que passa nos corações e mentes das pessoas, especialmente as que nos são caras e próximas. No entanto, além de não dever concentrar a caridade naqueles que nos são apenas importantes, já que caridade é um dever universal daquele que se diz Espírita, a reação e a expectativa de um retorno após uma ajuda (ajuda que nesse caso seria semear para o pomicultor) é simplesmente descabida. Procurar uma sensação de alívio ou auto-contentamento após ajudar alguém é uma forma de egoísmo se aguardarmos uma reação para isso.
A melhor forma de descobrir se estamos sempre em boa linha, é observar nossa consciência. Ela pesa ou fica mais leve de acordo com o grau desempenhado pela nossa ação prática. Quanto mais estudo e mais conhecimento arquivamos em nossas mentes, mais a consciência se abastece de razões e exigências para nossa tranquilidade, já que nossa responsabilidade também aumenta. Aqueles que desejam afugentar os desígnios de sua própria mente, insiste em dizer “A ignorância é uma bênção“. Ditado antigo e também descabido. Serve como fuga para aqueles que negam ao conhecimento a função edificante.
A responsabilidade no conhecimento ensina a busca de uma consciência leve e ilibada. Claro que é muito difícil e claro que vamos tropeçar no caminho. Mas se há alguém perfeito, que mantenha-se no seu patamar superior. Nós que estamos em vias de desenvolvimento, com um passo de cada vez, precisamos de uma paciência enorme com nossas próprias virtudes e defeitos, para uma alteração de conduta que acontecerá mais cedo ou mais tarde de acordo com nosso empenho.
3) Atemporalidade
Talvez a mair bênção do conhecimento Espírita seja a idéia da atemporalidade. Ela é a vida eterna, fruto da misericórdia divina para com nossos erros. Temos a oportunidade de agir e nascer novamente para correções e ajustes. Quanto cultivamos uma consciência em vias de evolução, nossa caridade pode ser grande, mas o renascimento traz consigo o esquecimento das outras vidas, (algo já discutido no blog e que pode ser encontrado em textos anteriores), por isso alguns desígnios não são tão claros. Uma fatalidade para uma família que sempre agiu na seara do Cristo pode significar perda irreparável de um filho, de um pai, de uma mãe, e que por algum momento durante a encarnação não seja compreensível (todos já ouvimos: Fulano era tão bom, por que teve que morrer?), mas nós devemos aprender a pensar em longo prazo, e que a providência divina age para correção sempre.
A idéia de confiar em Jesus é fundamental. Nada acontece sem aprovação de nosso Pai celestial. Não há injustiça, pois injustiça é algo que pressupõe falha. Comum em humanos, mas inadmissível na idéia de um Deus perfeito e um arcabouço de justiça montado por Ele.
Concluíndo, não há razão para ficar analisando casos presentes ou acontecimentos ao invés de realizar a Doutrina de Cristo na prática. Não há como analisar um quadro com perfeição sem poder observá-lo de longe. Como fazemos parte do quadro hoje, devemos ter a paciência necessária para entender que nossa noção humana de tempo não vale para os Espíritos, assim como nossas provas, razões e consciências não estão acessíveis em suas totalidades para permitir uma análise completa das ações / problemas.
Perderemos algumas colheitas. Teremos em abundância em algumas fases, mas o que aprendemos / desenvolvemos com isso?
Quer saber se está desenvolvendo-se de forma salutar? Consulte sua consciência.