LIVRO DOS ESPÍRITOS
554. Aquele que, com ou sem razão, confia naquilo a que chama virtude de um talismã, não pode, por essa mesma confiança, atrair um Espírito? Porque então é o pensamento que age: o talismã é um signo que ajuda a dirigir o pensamento.
— Isso é verdade; mas a natureza do Espírito atraído depende da pureza da intenção e da elevação dos sentimentos. Ora, é difícil que aquele que é tão simplório para crer na virtude de um talismã não tenha um objetivo mais material do que moral. Qualquer que seja o caso, isso indica estreiteza e fraqueza de idéias, que dão azo aos Espíritos imperfeitos e zombadores.
Ou seja, para Doutrina Espírita, não há poder algum nos objetos em si. No entanto, a mente sim exerce força e energia, e sintoniza com o que atraímos e produzimos com nossa força mental.
Alguns ainda precisam de objetos para que funcionem como um “catalisador de fé” onde o objeto funciona como ponto de confiança, traduzindo as intenções e objetivos (quando benéficos). Logo, o problema é quando há apego material àquele objeto. Todos conhecem alguem que possui um “objeto da sorte”, mas se o perdem, sentem ali que serão acometidos por azar, má-sorte e toda espécie de superstições.
Então o problema é que há um vício nessa fé direcionada. A lógica que passa a valer é:
– Direciono a fé ao objeto
– Objeto torna-se alvo e razão da fé
– Perda do objeto significa perda da fé.
Eis o problema, atrelar a fé ao objeto. Essa lógica se perde pois redunda em objeto = fé.
Então, para onde direcionamos a fé?
Se perdêssemos todos os nossos objetos de fé, seríamos ainda capazes de elevar o pensamento e orar com plena confiança? Esse é o foco que devemos cultivar. A fé é imaterial, metafísica, pura em essência, mas sintoniza com os nossos pensamentos, intenções e palavras. A fé deve existir, permeando nossas ações, em cada objeto. Mas mais importante, a fé é moral e não material.
Voltamos então ao ponto chave, tantas vezes tratado aqui:
P E N S A M E N T O = Potência da alma.