XXIV – Abusos da mediunidade
Na primeira ordem dos abusos que devemos assinalar, cumpre colocar as fraudes, as simulações.
As fraudes ou são conscientes e volitivas, ou inconscientes. Neste último caso são provocadas quer pela ação de Espíritos malfazejos, quer por sugestões sobre os médiuns exercidas pelos experimentadores e assistentes.
As fraudes conscientes provêm ora de falsos médiuns, ora de médiuns verdadeiros, mas pérfidos, que têm feito sua faculdade uma fonte de proventos materiais. Desconhecendo a nobreza e a importância de sua missão, por natureza preciosa, eles a transformam num meio de exploração e não trepidam, quando falha o fenômeno, em o simular com artifícios.
Os falsos médiuns se encontram um pouco por toda parte. Uns não passam de péssimos farsistas que se divertem à custa do vulgacho e a si mesmos se traem cedo ou tarde. Outros há, industriosos, hábeis, para os quais o Espiritismo é apenas uma mercancia; esforçam-se por imitar as manifestações, tendo em mira o lucro a auferir. Muitos têm sido desmascarados em plena sessão; alguns já foram colhidos nas malhas de ruidosos processos. Nessa ordem de fatos, têm sido presenciadas as mais audaciosas falcatruas. Certos indivíduos, abusando da boa-fé dos que os consultam, não têm hesitado em profanar os mais sagrados sentimentos e tornar suspeitas uma ciência e doutrinas que podem ser um meio de regeneração. Na maioria das vezes, são destituídos do sentimento de sua responsabilidade;’ mas na vida de além-túmulo bem desagradáveis surpresas lhes estão reservadas.
É incalculável o prejuízo por esses espertalhões causado à verdade. Com seus artifícios têm afastado muitos pensadores do estudo sério do Espiritismo. Por isso é dever de todo homem de bem desmascará-los, expô-los à merecida execração. O desprezo neste mundo, o remorso e a vergonha no outro – eis o que os espera. Porque, nós o sabemos, tudo se paga: o mal recai sempre sobre aquele que o pratica.
Não há coisa mais vil, mais desprezível, que bater moeda sobre as dores alheias, simular, a troco de dinheiro, os amigos, os entes caros que choramos, fazer da própria morte uma especulação desbriada, um objeto de falsificação.
O Espiritismo não pode ser responsabilizado por tais manejos. O abuso ou imitação de uma coisa nada pode fazer prejulgar contra a própria coisa. Não vemos frequentemente imitados os fenômenos de Física pelos prestidigitadores? E que prova isso contra a verdadeira Ciência? Nada. O investigador inteligente deve estar precavido e fazer constante uso de sua razão. Se há alguns laboratórios em que, a pretexto de manifestações, se pratica um odioso tráfico, numerosos círculos existem, compostos de pessoas cujo caráter, posição e honorabilidade constituem outras tantas garantias de sinceridade, inacessíveis em tais condições a qualquer suspeita de charlatanismo.
*** LÉON DENIS – NO INVISÍVEL ***
A mediunidade, em seus diversos níveis, existe em todos os humanos encarnados. Isso não é mais discutível, é como se fosse uma função orgânica, mais ostensiva em alguns, menos em outros.
A prática da mediunidade, dentro do Espiritismo (ou como alguns dizem, do Kardecismo) exige rigorosa educação dentro da moral e da ética cristãs. Nada além disso é aceitável.
Não é uma atitude cristã:
– Manipular pessoas e atitudes;
– Obter ganhos materiais de QUALQUER faculdade mediúnica;
– Fingir fenômenos em troca de prestígio, e etc.
O primeiro fator benéfico da mediunidade é ser um meio de se praticar a caridade. Mediunidade e caridade tem que exercer uma função mútua para trazer benefícios a todos, não só ao médium, mas também aos Espíritos que dele se valeram e dos encarnados que tiveram alguma forma de retorno.
Médium = MEIO.
Médium é apenas uma ferramenta, um meio de transmissão, e não é ele que “detém poderes” ou faculdades, é apenas uma ferramenta, que deve estar em ótimas condições de ser utilizada. Para isso, conduta reta e estudo são fundamentais.
As fraudes mancharam sim a imagem do Espiritismo, e os que praticam a prestidigitação ou enganam pessoas, trazendo muitas vezes sofrimento e perdas materiais, denigrem uma doutrina que visa apenas o bem, o amor e a caridade. Por isso devem ser combatidos e denunciados.
Nunca consulte médiuns que cobram. Nunca pague por algo que é gratuito.
Espíritos moralmente elevados não podem utilizar seu dinheiro, nem objetos, nem alimentos. Eles fazem o bem pela caridade. E a caridade sempre foi gratuita.
Mediunidade com Jesus, Mediunidade pautada por princípios morais retos, estudo e conhecimento. Só assim um médium pode-se dizer ESPÍRITA.