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julho 5, 2011

Sobre o Passe Espírita e Fluídos

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– Escritos de Herculano Pires disponíveis Aqui –  Utilizando a sessão “O PASSE”

ORIGENS / APLICAÇÕES / EFEITOS
“O passe espírita não comporta as encenações e gesticulações em que hoje envolveram alguns teóricos improvisados, geralmente ligados a antigas correntes espiritualistas de origem mágica ou feiticista. Todo o poder e toda a eficácia do passe espírita dependem do espírito e não da matéria, da assistência espiritual do médium passista e não dele mesmo. Os passes padronizados e classificados derivam de teorias e práticas mesméricas, magnéticas e hipnóticas de um passado já há muito superado. Os espíritos realmente elevados não aprovam nem ensinam essas coisas, mas à prece e a imposição das mãos. Toda a beleza espiritual do passe espírita, que provém da fé racional no poder espiritual, desaparece ante as ginásticas pretensiosas e ridículas gesticulações.
As encenações preparatórias: mãos erguidas ao alto e abertas, para suposta captação de fluidos pelo passista, mãos abertas sobre os joelhos, pelo paciente, para melhor assimilação fluídica, braços e pernas descruzados para não impedir a livre passagem dos fluidos, e assim por diante, só serve para ridicularizar o passe, o passista e o paciente. A formação das chamadas pilhas mediúnicas, com o ajuntamento de médiuns em torno do paciente, as correntes de mãos dadas ou de dedos se tocando sobre a mesa – condenadas por Kardec – nada mais são do que resíduos do mesmerismo do século passado, inúteis, supersticiosos e ridicularizantes.
Todas essas tolices decorrem essencialmente do apego humano às formas de atividades materiais. Julgamo-nos capazes de fazer o que não nos cabe fazer. Queremos dirigir, orientar os fluidos espirituais como se fossem correntes elétricas e manipulá-los como se a sua aplicação dependesse de nós. O passista espírita consciente, conhecedor da doutrina e suficientemente humilde para compreender que ele pouco sabe a respeito dos fluidos espirituais – e o que pensa saber é simples pretensão orgulhosa – limita-se à função mediúnica de intermediário. Se pede a assistência dos Espíritos, com que direito se coloca depois no lugar deles? Muitas vezes os Espíritos recomendam que não se façam movimentos com as mãos e os braços para não atrapalhar os passes. Ou confiamos na ação dos Espíritos ou não confiamos e neste caso é melhor não os incomodarmos com os nossos pedidos.
O passe espírita é prece, concentração e doação. Quem reconhece que não pode dar de si mesmo, suplica a doação dos Espíritos. São eles que socorrem aqueles por quem pedimos, não nós, que em tudo dependemos da assistência espiritual.”


– A palavra médium já significa “meio” por si mesma. Ou seja, o médium é, antes de tudo, instrumento para a realização da ação espiritual. O Médium não é um iluminado que tudo cura, quem realiza as ações fluídicas é o plano espiritual de acordo com o problema e solução que se aplique caso a caso. Mesmo que o médium deseje muito a cura, há um processo complexo que passa pelo merecimento / provações e etc que só uma entidade muito superior poderia visualizar em totalidade para efetuar um ato realmente justo.

MAGIA
“No Espiritismo os resíduos mágicos não podiam existir, pois trata-se de uma doutrina racionalista, mas o grande número de adeptos provindos dos meios religiosos, sem a formação filosófica e científica da Doutrina, carreiam esses resíduos para o nosso meio, numa tentativa de padronização de práticas espíritas e de transformação dos passes num fazer dos médiuns e não dos espíritos.”

TÉCNICA DO PASSE
“Os elaboradores e divulgadores de técnicas do passe não sabem o que fazem. A técnica do passe não pertence a nós mas exclusivamente aos Espíritos Superiores. Só eles conhecem a situação real do paciente, as possibilidades de ajudá-lo em face de seus compromissos nas provas, a natureza dos fluidos de que o paciente necessita e assim por diante. Os médiuns vivem a vida terrena e estão condicionados na encarnação que merecem e de que necessitam. Nada sabem da natureza dos fluidos, da maneira apropriada e eficaz de aplicá-los, dos efeitos diversos que eles podem causar. Na verdade o médium só tem uma percepção vaga, geralmente epidérmica dos fluidos. É simples atrevimento – e portanto charlatanismo – querer manipulá-los e distribuí-los a seu modo e a seu critério. As pessoas que acham que os passes ginásticos ou dados em grupos mediúnicos formados ao redor do paciente são passes fortes, assemelham-se às que acreditam mais na força da macumba, com seus apetrechos selvagens, do que no poder espiritual. As experiências espíritas sensatas e lógicas, em todo o mundo, desde os dias de Kardec até hoje mostraram que mais vale uma prece silenciosa, às vezes na ausência e sem o conhecimento do paciente, do que todas as encenações e alardes de força dos ingênuos ou farofeiros que ignoram os princípios doutrinários.”

– Ao menos para mim, quanto mais nos aprofundamos em estudos, mais entendemos que o princípio de tudo o que cura e melhora as mazelas é a prece sincera e concentrada. Na verdade a mediunidade é uma prova de humildade mais do que todas as outras. A tendência humana é sempre lutar contra os impulsos fetichistas de aumentar sua participação no processo. O médium é apenas a ferramenta, não o princípio causador. Nem o catalisador. Mas qual a sua importância então?
O médium é aquele que possibilitará a ação do espírito superior envolvido no mecanismo do passe. Quanto melhor e mais apurada a moral do médium, melhores manifestações resultarão da interação. O espírito que possibilitará a cura ou melhora das mazelas através do passe precisa de um veículo / ferramenta apurada para efetuar o serviço mais limpo possível.
Imagino um filtro de café de papel, onde a água pura precisa passar pelo pó para se tornar o café que tomamos. Quanto melhor o pó, mais qualidade o café terá. Mas a água sempre estará límpida. O médium é o filtro, e seu conteúdo moral o pó.
PASSE DE AUXÍLIO MEDIÚNICO
“Nas sessões de manifestações de Espíritos para doutrinação o passe é empregado como auxiliar dos médiuns ainda em desenvolvimento, incapazes de controlar as manifestações de entidades rebeldes. A técnica espírita não é de violência, como nas práticas superadas do exorcismo mas de esclarecimento e persuasão. A ajuda fluídica ao médium envolvido se faz apenas através da imposição das mãos, sem tocar o médium. Certas pessoas aflitas ou mal iniciadas no assunto procuram segurar o médium, agarrá-lo com força e sujeitá-lo. Isso serve apenas para provocar a reação da entidade, provocando tumulto na reunião. O médium se descontrola ainda mais e a entidade se aproveita disso para tumultuar a sessão. Chama-se o médium pelo nome, pede-se a ele que reaja e adverte-se a entidade para acalmar-se, sem o que se prejudicará, a si mesma. Não se deve esquecer que a força do passe é espiritual e não a força física. Os Espíritos auxiliares estão ao redor e retiram a entidade rebelde. O médium novato e o que dá o passe de auxílio, precisam estar instruídos sobre a possibilidade dessas ocorrências e sobre o comportamento certo a adotar. Essas observações devem ser sempre repetidas nas sessões dessa natureza para que o passe de auxílio não se converta em motivo de tumulto. Esse é um aspecto do problema do passe que muitos têm dificuldade de compreender, por falta de uma compreensão exata da natureza puramente espiritual do passe.”

– As sessões para doutrinação consistem em uma das mais importantes tarefas de um centro espírita. Em “Diálogo com as Sombras” de Hermínio C. Miranda, fica muito evidenciada a importâncias destas sessões e todo o movimento espiritual que ela acarreta, até muito tempo antes de ocorrer. Espíritos que serão ouvidos nestas reuniões muitas vezes acompanham os médiuns para flagrar momentos de descontrole, desequilíbrio e qualquer deslize “humano” que possa ser levado à reunião para desestabilizar as correntes fluídicas do local.
O passe é uma espécie de manutenção fluídica para manter as vibrações corretas durante os trabalhos. Não consigo imaginar direito a figura espiritual das correntes fluídicas coloridas iluminando diferentes cores em diferentes locais enquanto os trabalhos são realizados, mas são de uma complexidade absurda para nossas mentes. E assumindo essa hipótese, a força física não significará absolutamente nada.
PREPARAÇÃO PARA O PASSE
“É muito comum chegarem pessoas ao Centro, ou mesmo dirigindo-se à casa de um médium, pedindo passe com urgência. O passe não pode ser dado a qualquer momento e de qualquer maneira. Deve ser sempre precedido de preparação do passista e do ambiente bem como do paciente. O médium precisa de preparação para bem se dispor ao ato mediúnico do passe. Atender a esses casos imediatamente é dar prova de ignorância das leis do passe. Tudo depende de sintonias que precisam ser estabelecidas. Sintonia do médium com o seu estado íntimo; sintonia do passista com o Espírito que vai atendê-lo; sintonia das pessoas presentes com o ambiente que se deve formar no recinto. Tudo isso se consegue através da prece do interesse de todos pela ajuda ao necessitado. Dar um passe sem essas medidas preparatórias é uma imprudência e um desrespeito aos Espíritos que podem estar empenhados em outros afazeres naquele momento.”

TRANSFUSÃO FLUÍDICA
“As mãos humanas funcionam, no passe espírita como antenas que captam e transmitem as energias do plasma vital de antimatéria. Hoje conhecemos, portanto, toda a dinâmica do passe espírita como transmissão de fluidos no processo aparentemente simplíssimo e eficaz do passe. Não há milagre nem sobrenatural na eficácia do passe, modestamente aplicado e divulgado por Jesus há dois mil anos.”

– Após demonstrar as várias comprovações de que os fluídos existem e foram diagnosticados pela medicina / pesquisas científicas, Herculano sentencia de forma clara de que não existe mais espaço para soberba e imaginações sobre manipular fluídos ou criar condições de última hora para realização de milagres.
CIÊNCIA DO PASSE
“Kardec colocou o problema do passe em termos científicos, no campo da Fluídica, ou seja, da Ciência dos Fluidos. Com seu rigor metodológico, ligou o passe à estrutura dinâmica do perispírito (corpo espiritual), hoje reconhecido como a fonte de todas as percepções a atividades paranormais.” (…) “A Fluídica se abre, ante o avanço da Física Nuclear, para a pesquisa da dinâmica dos fluidos em todo o Cosmos. Só agora começamos a dispor de elementos para um conhecimento exato, o que vale dizer científico, da problemática bimilenar do passe.” (…) “Quando, porém, passamos os limites da sugestão natural para os excessos da gesticulação e da fabulação – como se faz nos pedidos ao paciente para que imagine entrar numa sala doirada etc., – perturbamos através de desvios imaginários a ação, naturalmente controlada pelos dispositivos do inconsciente (consciência subliminar de Myers) o processo natural de reajuste e cura.” (…) “Todos os acessórios ligados à prática tradicional do passe devem ser banidos dos Centros Espíritas sérios. O que nos cabe fazer nessa hora de transição da Civilização Terrena não é inventar novidades doutrinárias, mas penetrar no conhecimento real da doutrina, com o devido respeito ao homem de ciências e cientista eminente que a elaborou, na mais perfeita sintonia com o pensamento dos Espíritos Superiores”.
– A moral da história é de que precisamos parar de tentar ascender à uma condição que não nos pertence. Quem quiser ser um semi-Deus, precisa de outra doutrina. Quem realmente entende, de coração, que não passa de um pingo no meio de um gigantesco oceano, onde é parte de um grande plano, desempenhando a humilde e preciosa função de ferramenta, que precisa estar pronta ao trabalho.

maio 15, 2011

Por que Evitar o Mal? Por Amor ao Bem

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Hermínio C. Miranda – Sobrevivência e Comunicabilidade dos Espíritos – FEB – 5aED – 2010.

“Praticar o bem pelo próprio bem, sem esperança ou ambição de recompensa; evitar o mal ainda por amor ao bem, porque o mal desequilibra o psiquismo, retarda a evolução e recai sobre nós mesmos. Afinal de contas, o bem encontra sua recompensa em si mesmo, independente das conseqüências morais que possa acarretar. Na prática da vida, temos observado que nenhum gesto de bondade se perde neste grande e maravilhoso mundo de Deus. Por mais anônimo, tímido e insignificante que seja, um dia, lá na frente, vamos encontrar à nossa espera um prêmio desproporcionalmente generoso pela diminuta parcela de bem que praticamos num momento e esquecemos no instante seguinte” (pp.56-57).

Grifo meu.

Esta é de longe uma das melhores passagens que já li (claro, sempre na minha humilde opinião), pois mesmo sem intenção, ela responde há alguns anseios de todos nós. Por que devo praticar o bem em um mundo tão cheio de maldades? Por que simplesmente não tomar o caminho mais fácil e me esconder, deixando de praticar boas ações apenas com uma vergonha de não ser tão mal como o mundo assim pede?

O autor é muito feliz em sua resposta, dizendo que devemos “evitar o mal ainda por amor ao bem”, e como já ensinado pela Doutrina Espírita, praticar o bem é uma forma de ajuda a alguém e a nós mesmos, uma forma de purificação e uma terapia para a mente.

Todo aquele que se denomina espírita também precisa aprender a penar em longo prazo. Não mais agir como se só esta vida existisse ou tivesse importância, quando sabemos que a caminhada é muito mais complexa e longa do que queríamos acreditar. Passamos dois mil anos nos enganando e aguardando a morte para uma recompensa que viria das mãos do próprio Mestre. Nosso egoísmo era tanto, que bastava se trancar em um monastério e rezar, tornar-se um “mensageiro de Deus” ou então viver a vida errando e comprando indulgências. Agora apenas nos deparamos com a realidade, onde o bem precisa sim pravelecer sobre mal, mas são as nossas mãos que conduzem o processo, já que o Mestre fez muito mais do que nos colocar neste mundo, ele PERMITIU nossa encarnação para que concretizássemos uma obra relevante neste mundo.

Relevância não é propaganda, não devemos promover o bem através somente de discursos e holofotes, mas sim na prática. Aquele que passa necessidades, sente na carne o sofrimento, não apenas na mente. A ajuda cresce em progressão geométrica, pois não só supre uma demanda, ela carrega ao ajudado com a esperança e o exemplo de como agir, é algo que tende sempre a continuidade, que se espalha como um vírus benéfico.

O que é nossa vida na temporalidade histórica? nada. Se vivermos 80 anos, seremos insignificantes se vivêssemos 180, continuaríamos insignificantes. Considerando que nenhum bem ou mal sejam eternos na Terra, é obrigação de um espírita não só evitar, mas combater o mal através do bem. Nos termos da espiritualidade, nossa encarnação é apenas uma faísca de tempo, insuficiente para elevar-nos à altos níveis, mas suficiente para progressos preciosos, construídos ao longo de vidas de esforços. ATEMPORALIDADE me parece um conceito fundamental que deve ser pensado e respeitado por todos os espíritas.

Enfim, o bem é algo que pode ser praticado a qualquer momento, sem planejamento ou esforço, é algo que bota de situações inusitadas e que causa uma elevação mental instantânea. Por si só, é uma terapia. O Mestre é tão sábio que suas palavras valem para nossa faísca de vida na Terra e na Espiritualidade, conforme enfatizado por Kardec: “Fora da Caridade não Há Salvação” . Nossa salvação começa por nós mesmos.

Quando orar, pense no que significa cada ação do seu dia. Não praticar o mal é apenas uma simples face do egoísmo. Praticar o bem, é nossa elevação psicológica e física.

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