68 — ALÉM-TÚMULO
“E, se não há ressurreição de mortos, também o Cristo não ressuscitou.” Paulo. (I CORÍNTIOS, 15: 13)
Teólogos eminentes, tentando harmonizar interesses temporais e espirituais, obscureceram o problema da morte, impondo sombrias perspectivas à simples solução que lhe é própria.
Muitos deles situaram as almas em determinadas zonas de punição ou de expurgo, como se fossem absolutos senhores dos elementos indispensáveis à análise definitiva. Declararam outros que, no instante da grande transição, submerge-se o homem num sono indefinível até o dia derradeiro consagrado ao Juízo Final.
Hoje, no entanto, reconhece a inteligência humana que a lógica evolveu com todas as possibilidades de observação e raciocínio.
Ressurreição é vida infinita. Vida é trabalho, júbilo e criação na eternidade.
Como qualificar a pretensão daqueles que designam vizinhos e conhecidos para o inferno ilimitado no tempo? Como acreditar permaneçam adormecidos milhões de criaturas, aguardando o minuto decisivo de julgamento, quando o próprio Jesus se afirma em atividade incessante?
Os argumentos teológicos são respeitáveis; no entanto, não deveremos desprezar a simplicidade da lógica humana.
Comentando o assunto, portas a dentro do esforço cristão, somos compelidos a reconhecer que os negadores do processo evolutivo do homem espiritual, depois do sepulcro, definem-se contra o próprio Evangelho. O Mestre dos Mestres ressuscitou em trabalho edificante. Quem, desse modo, atravessará o portal da morte para cair em ociosidade incompreensível? Somos almas, em função de aperfeiçoamento, e, além do túmulo, encontramos a continuação do esforço e da vida.
(Retirado da Obra Caminho, Verdade e Vida, Pelo Espirito Emmanuel, psicografado por Chico Xavier).
O ponto a ser destacado aqui, é a noção de ressurreição. Ela aplica-se ao Espírito, não à carne. O sentido teológico mesmo, quando evocado, assinala uma impossibilidade física. Após a morte carnal, o corpo físico se decompõe, servindo de alimento à outros animais até que seus átomos sejam redistribuídos em nova matéria. Portanto, a ressurreição significaria um desrespeito à Natureza, criada por Deus. Se Deus é perfeito, suas obras também são. Violar as leis da natureza seria contestar sua perfectibilidade.
O Espírito, porém, retorna ao mundo espiritual em sua forma de sempre, apenas o Perispírito sofre alterações, para melhor ou para pior. O conteúdo do Espírito permanece o mesmo, ou seja, ressurreição acontece de fato quando desencarnamos e damos seguimento á nossa evolução.
A partir do instante em que o ser humano abdicar de seu orgulho e entender que desconhece muito do que acontece ao seu redor, essa possibilidade se tornará uma certeza.